TAP planeia cancelar rotas, com consequências para os trabalhadores

Plano para ultrapassar dificuldades financeiras, apresentado na segunda-feira ao Governo, chegou a prever adiamento da entrega dos A350, mas a medida foi rejeitada. Fase de negociações com candidatos à privatização avança.

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Presidente da TAP deverá apresentar plano aos trabalhadores esta semana Rui Gaudêncio

Ao que o PÚBLICO apurou, a contenção de custos exigida pelo Governo à transportadora aérea, na sequência dos 35 milhões de prejuízos provocados pela greve de dez dias convocada pelo sindicato dos pilotos, poderá fazer-se sentir ainda durante o Verão, mas terá o seu pico quando terminarem os meses mais quentes, acentuando-se a partir daí os ajustes nas ligações oferecidas pela TAP. Uma reprogramação que já é habitual na indústria, mas que terá de ser intensificada, dada a situação em que a tesouraria da empresa se encontra.

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Ao que o PÚBLICO apurou, a contenção de custos exigida pelo Governo à transportadora aérea, na sequência dos 35 milhões de prejuízos provocados pela greve de dez dias convocada pelo sindicato dos pilotos, poderá fazer-se sentir ainda durante o Verão, mas terá o seu pico quando terminarem os meses mais quentes, acentuando-se a partir daí os ajustes nas ligações oferecidas pela TAP. Uma reprogramação que já é habitual na indústria, mas que terá de ser intensificada, dada a situação em que a tesouraria da empresa se encontra.

E é natural que estes cortes tenham reflexos ao nível da estrutura de pessoal da companhia, embora haja um factor que não pode ser negligenciado: o acordo a que o Governo chegou com oito sindicatos em Dezembro e que impede que, depois da privatização, haja despedimentos colectivos durante 30 meses ou enquanto o Estado for accionista.

Assim, apesar de os maiores ajustes na operação poderem vir a ocorrer apenas na época baixa, não é de afastar uma reestruturação antes da venda (que o Governo quer concluir até ao final de Junho, embora a transferência efectiva das acções para o privado só ocorra nos meses seguintes). No entanto, a transportadora aérea pode sempre optar por vias menos drásticas, seja através da abertura de um programa de rescisões por mútuo acordo, seja através de um acelerar das pré-reformas.

Um outro caminho que também poderá ser desbravado é o da redução das despesas com salários, nomeadamente no pagamento de horas extraordinárias. Isto, além da renegociação com os fornecedores, embora nos últimos meses a TAP já tenha vindo a fazer um esforço nesse sentido, nomeadamente através da dilatação de prazos de pagamento.

Ao que o PÚBLICO apurou, uma das medidas que chegaram a estar em cima da mesa foi o adiamento da entrega dos 12 aviões A350, que a TAP pretende receber entre 2017 e 2019. Um dos cenários estudados pela administração passava pela suspensão por um ano da encomenda destes equipamentos que são considerados estratégicos, não só porque permitem voar para destinos onde a TAP ainda não conseguiu chegar, como a China, mas também pela poupança de combustível que asseguram (a rondar os 25%, de acordo com estimativas da Airbus).

Este adiamento permitiria aliviar já a tesouraria, visto que, quanto mais perto da data de entrega, mais crescem os valores que a companhia de aviação tem de ir pagando à fabricante europeia. O preço de tabela destes 12 novos aviões ronda os 2700 milhões de euros, mas o montante é sempre sujeito a um desconto quando a encomenda é feita com antecedência, como aconteceu neste caso. Todavia, a medida acabou por ser posta de lado nos últimos dias e já não constará no plano apresentado.

Negociações avançam 
Prevê-se que o presidente da transportadora aérea, que tinha até sexta-feira para entregar o plano, mas que pediu mais alguns dias para o fazer chegar ao Governo, comunique ainda esta semana aos trabalhadores as medidas que serão tomadas para aliviar a pressão financeira. A equipa de Fernando Pinto esteve todo o fim-de-semana a trabalhar nestas medidas de emergência, pois, até à passada quarta-feira, esteve dedicada à avaliação das propostas de compra da companhia, que ditaram a passagem de dois candidatos à segunda fase.

As negociações com estes dois investidores, David Neeleman (dono da Azul que concorre com o português Humberto Pedrosa, que detém a Barraqueiro) e Germán Efromovich (que controla o grupo sul-americano Avianca), começam já esta semana, estando agendadas reuniões com os representantes do Estado a partir de quarta-feira.

O objectivo do Governo é melhorar as ofertas apresentadas, a 15 de Maio, pelos dois candidatos, mais pelo lado da capitalização da TAP e do plano estratégico do que por via do encaixe para os cofres públicos (que será sempre muito reduzido). A renegociação da dívida da companhia, que terá vencimentos importantes no segundo semestre, a instabilidade laboral e os 120 milhões de euros de receitas retidos na Venezuela e em Angola serão temas importantes das negociações. O Governo quer escolher o vencedor durante a primeira quinzena de Junho.