Exército sírio reconquista partes de Palmira, mas ameaça não acabou

Cidade onde estão ruínas que são património da UNESCO ainda está sob a mira dos jihadistas.

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Nas ruínas de Pamira misturam-se influências gregas, romanas, persas e islâmicas. São um denominador comum da identidade síria Joseph Eid

A batalha pelo controlo de Palmira deixou quase 300 pessoas mortas, e o perigo ainda não passou. 

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A batalha pelo controlo de Palmira deixou quase 300 pessoas mortas, e o perigo ainda não passou. 

A proximidade dos jihadistas das ruínas (que misturam influências gregas, romanas, persas e islâmicas) levou a apelos a intervenção internacional para a sua protecção por se temer acções de destruição do património como as levadas a cabo no Iraque pelos jihadistas em Hatra ou Nimrud. A UNESCO pediu acção ao Conselho de Segurança.

Mas embora a importância das ruínas seja consensual, menos unânime é o modo como lidar com a ameaça. Uma intervenção para salvar as ruínas poderia parecer minimizar o anterior sofrimento de milhões de sírios que não levou a qualquer acção internacional.

“Danificar este local é também um acto de guerra psicológica”, disse David Wengrow, professor de arqueologia na Universidade de Londres, ao Guardian. “E há um elemento de provocação calculada, de mostrar que as pessoas se preocupam mais com templos antigos e estátuas do que com as pessoas”.

Por outro lado, o alarme pela possível destruição de Palmira confirma o valor propagandístico desta acção para o EI. “É como quando um ladrão entra numa casa e procura algo valioso, e a pessoa que está a ser roubada olha fixamente para aquele ponto debaixo da cama”, diz Amr al-Azm, um antigo responsável de antiguidades pró-oposição.

Mas Azm sublinha que destruir Palmira seria destruir um dos poucos denominadores comuns que ainda existe de uma unidade síria, um dos poucos símbolos que poderia juntar todos os sírios quando a guerra acabasse. “Destruir o passado da Síria será destruir o seu futuro.”