Criança encontrada dentro de mala na fronteira de Ceuta

Menino marfinense de oito anos foi encontrado na fronteira de Marrocos com Ceuta.

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Terá sido o nervosismo da marroquina de 19 anos que carregava a mala à chegada da zona de controlo fronteiriço em Tarajal, a única fronteira a separar Marrocos de Ceuta, que denunciou o caso. Inicialmente, as autoridades pensaram que poderia tratar-se de um caso de tráfico de droga, mas, ao passarem a mala pelos scanners, descobriram um ser humano no interior da mala. Era Abou. A criança, em posição fetal, estava entre algumas peças de roupa. As autoridades retiraram de imediato o rapaz da mala. A primeira coisa que disse foi o seu nome e que vinha da Costa do Marfim. “Estava com medo e surpreso. Tentámos acalmá-lo, para que não tivesse medo", adiantou o porta-voz da Guardia Civil de Ceuta, Alfonso Cruzado, ao El Mundo.

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Terá sido o nervosismo da marroquina de 19 anos que carregava a mala à chegada da zona de controlo fronteiriço em Tarajal, a única fronteira a separar Marrocos de Ceuta, que denunciou o caso. Inicialmente, as autoridades pensaram que poderia tratar-se de um caso de tráfico de droga, mas, ao passarem a mala pelos scanners, descobriram um ser humano no interior da mala. Era Abou. A criança, em posição fetal, estava entre algumas peças de roupa. As autoridades retiraram de imediato o rapaz da mala. A primeira coisa que disse foi o seu nome e que vinha da Costa do Marfim. “Estava com medo e surpreso. Tentámos acalmá-lo, para que não tivesse medo", adiantou o porta-voz da Guardia Civil de Ceuta, Alfonso Cruzado, ao El Mundo.

Abou foi entregue à protecção de menores de Ceuta, que irá analisar com as autoridades se a criança será enviada para um centro de acolhimento para menores, enquanto se tenta chegar ao contacto com familiares na Costa do Marfim. A jovem marroquina que tinha transportado a mala ficou detida.

O que se tinha passado até ali com Abou só foi desvendado cerca de uma hora e meia depois, quando um homem, de 42 anos, se apresentou junto das autoridades na fronteira de Tarajal, com uma autorização de residência em Las Palmas de Gran Canaria, nas Canárias. O que despertou a atenção dos guardas foi o facto de o homem também vir da Costa do Marfim. Após um curto interrogatório, onde terão sido mostradas imagens da criança dentro da mala, o homem confessou que era pai do menor. “Só queria levá-lo comigo para as Canárias”, disse o homem à polícia, conta o El País.

O pai de Abou foi ouvido esta sexta-feira por uma juíza de instrução em Ceuta, que decretou a sua prisão preventiva, bem como à mulher que levava a criança. Segundo o El País, estão ambos acusados de um crime contra os direitos dos cidadãos estrangeiros, com a agravante de terem colocado em risco a vida do menor.

O jornal espanhol indica que o marfinense terá tentado pedir às autoridades espanholas que a sua família fosse autorizada a juntar-se a ele nas Canárias, mas o pedido foi negado. À juíza, o marfinense afirmou que não sabia que o filho estava no interior de uma mala e que essa tinha sido a forma encontrada para o fazer passar a fronteira. O El Mundo adianta, por sua vez, que o homem é suspeito de ter pago à jovem marroquina para que conseguisse que Abou não fosse detectado e chegasse a Ceuta.

Desconhece-se ainda os contornos da ligação entre a mulher marroquina e o pai de Abou e durante quanto tempo a criança esteve no interior da mala.

Este é um dos casos mais recentes da tentativa desesperada de milhares de pessoas em entrar em território europeu. Os casos mais dramáticos passam-se no mar, durante as tentativas de chegar a terra em barcos sobrelotados e sem quaisquer condições de segurança a troco de milhares de euros. Estima-se que só em Abril tenham morrido 1200 pessoas no Mediterrâneo.

À procura de melhores condições de vida que não têm no seu país natal ou em fuga de zonas de conflito onde sobreviver é um desafio diário, são muitas as pessoas vindas de países africanos que tentam chegar a Espanha a partir de Ceuta ou Melilla. Ao El Mundo, elementos da Guarda Civil das duas cidades relatam casos de pessoas que chegam à fronteira escondidas debaixo de carros e camiões, debaixo de bancos ou junto aos motores. Também já foram encontradas escondidas entre blocos de cartão ou papel destinados a reciclagem ou em depósitos de material incinerado ou de cimento.
 
Notícia actualizada às 15h30: Acrescenta informação de que o pai da criança e a mulher marroquina ficaram em prisão preventiva.