A Taça do Liechtenstein é mesmo para todos

O principado não possui um campeonato próprio, mas na Taça, disputada desde 1946, há oportunidades para toda a gente.

Foto
A equipa do Vaduz, que conquistou a edição de 2014 da Taça do Liechtenstein DR

A Taça do Liechtenstein disputou-se pela primeira vez em 1946, e nesta 70.ª edição quebrou finalmente essa espécie de tabu. O Triesenberg, fundado em 1972, era o único clube que ainda nunca tinha ido à final, mas graças a um triunfo (1-0) sobre a equipa sub-23 do Vaduz garantiu a presença na partida decisiva. O adversário vai ser o... Vaduz.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

A Taça do Liechtenstein disputou-se pela primeira vez em 1946, e nesta 70.ª edição quebrou finalmente essa espécie de tabu. O Triesenberg, fundado em 1972, era o único clube que ainda nunca tinha ido à final, mas graças a um triunfo (1-0) sobre a equipa sub-23 do Vaduz garantiu a presença na partida decisiva. O adversário vai ser o... Vaduz.

Dizer que a Taça do Liechtenstein tem algumas particularidades é dizer pouco. Em 2014-15 participaram na competição 18 equipas, que correspondem a apenas sete clubes – todos os emblemas têm pelo menos duas formações na prova, e há alguns que até inscrevem uma terceira. Isto gera toda a espécie de situações caricatas: desde aquela vez na época 2006-07 em que a equipa A do Triesenberg foi eliminada mas a equipa B conseguiu apurar-se para a ronda seguinte, até à meia-final em 2009-10 que consistiu num duelo entre USV Eschen/Mauren A e USV Eschen/Mauren B. Não é difícil adivinhar qual delas chegou à final.

Com 160 quilómetros quadrados e pouco mais de 37 mil habitantes, o Liechtenstein é o único membro da UEFA sem um campeonato próprio. Contam-se apenas sete clubes (e um total de 1200 futebolistas federados) no principado, o que cria dores de cabeça a quem quiser organizar uma competição. Por isso, as equipas do Liechtenstein actuam nos campeonatos suíços e só a Taça é disputada exclusivamente por emblemas do principado.

A missão do Triesenberg na final de 13 de Maio será muito complicada: os estreantes jogam no sétimo escalão do futebol suíço, enquanto o Vaduz (que é a única formação profissional do principado e onde joga o guarda-redes ex-Boavista Peter Jehle) conseguiu na época passada a subida ao primeiro escalão. A equipa da capital já esteve em nada menos do que 55 finais da Taça do Liechtenstein, tendo conquistado o troféu em 42 ocasiões. Nos últimos 20 anos o domínio tem sido quase absoluto, com 18 triunfos – só perdeu com o Balzers pela margem mínima e com o USV Eschen/Mauren nos penáltis.

A UEFA questionava-se sobre se o facto de todos os clubes do Liechtenstein já terem jogado a final da Taça (cinco venceram-na) será único no futebol mundial. Em Inglaterra, onde o equilíbrio faz parte da tradição, mais de meia centena de equipas já chegaram à final e houve 43 vencedores distintos. Por cá, já houve 24 finalistas e 12 emblemas a levar o troféu para casa.

Planisférico é uma rubrica semanal sobre histórias de futebol e campeonatos periféricos