A opressão dos gritos

É uma catástrofe haver outros almoçadores e outras almoçadoras que não sabem falar sem gritar, desejando ardentemente ser ouvidas por todas as pessoas que incomodam.

Como habitante de esplanadas sou um leitor silencioso ou, sempre que estou com a Maria João, falamos baixinho, para que mais ninguém nos ouça, por falarmos de coisas que só nos interessam a nós.

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Como habitante de esplanadas sou um leitor silencioso ou, sempre que estou com a Maria João, falamos baixinho, para que mais ninguém nos ouça, por falarmos de coisas que só nos interessam a nós.

É uma catástrofe haver outros almoçadores e outras almoçadoras que não sabem falar sem gritar, desejando ardentemente ser ouvidas por todas as pessoas que incomodam.

Hoje, as pessoas conversam com as pessoas que estão à frente delas como se estivessem a falar com elas através do telemóvel. Gritam como os labregos dos anos 1960 quando telefonavam para um número a mais de 20 quilómetros de distância. Só que agora calhou às classes afectadas.

Os avanços tecnológicos descobrem sempre as mais velhas formas de falta de educação.

As regras da educação são a melhor maneira de nos darmos todos bem, por muito ou pouco privilegiados que sejamos. No fundo é só uma: fazermos (ou não fazermos) tudo para que os outros estejam à vontade.

Os gritadores de agora estão sempre armados em bons. Gritam como quem discursa. Têm o tom seguro de quem entretem. Articulam e esticam as frases como comediantes surdos que só imaginam o riso inexistente do público. Chateiam e estragam tudo num único instante de realidade. Engolem o ar todo. Ocupam todo o som público. Gritam-nos aos ouvidos e violam-nos as cabeças.

Raios os partam, ao meio, a todos.