Embraer vai investir “mais e decisivamente” em Portugal, anuncia Portas

Vice-primeiro-ministro elogia a sua decisão de privatizar OGMA há dez anos, quando era ministro da Defesa.

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Rui Gaudêncio

Quase no final de um discurso de mais de um quarto de hora num hangar com mais dois ministros, embaixadores, convidados e trabalhadores, o vice-primeiro-ministro disse não querer “trair nenhum segredo comercial”, mas adiantou, citado pela Lusa, que o novo investimento irá reforçar a capacidade da empresa para “fabricar e construir” e aumentando o número de postos de trabalho, encomendas e exportações.

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Quase no final de um discurso de mais de um quarto de hora num hangar com mais dois ministros, embaixadores, convidados e trabalhadores, o vice-primeiro-ministro disse não querer “trair nenhum segredo comercial”, mas adiantou, citado pela Lusa, que o novo investimento irá reforçar a capacidade da empresa para “fabricar e construir” e aumentando o número de postos de trabalho, encomendas e exportações.

Antes, fizera o historial da sua decisão de privatizar a OGMA quando estava há pouco tempo no Ministério da Defesa, e elogiara os resultados, com os números da operação da empresa actualmente.

“Eu tinha dois caminhos possíveis nesta matéria: o caminho mais fácil – eu só estava há algumas semanas no Ministério - era dizer: ‘eu não tenho responsabilidade nenhuma por isto, a situação a que a empresa chegou não é seguramente obra minha, vai ser muito difícil encontrar uma solução e portanto o melhor é dar razão às coisas que se dizem’ e deixar fechar. E tinha o caminho mais difícil, sem nenhum êxito garantido à partida e com muita controvérsia, certamente”, descreveu Portas.

A sua decisão foi a segunda, recordou. “Mudar a forma de gestão da OGMA – que devia ser gerida por profissionais da gestão; fazer a reestruturação que se impunha para salvar a empresa; encontrar um financiamento quase de tesouraria que não permitisse a interrupção dos deveres fundamentais da empresa para com os seus colaboradores; pensar na internacionalização da OGMA; assumir um modelo de privatização em que o Estado estivesse presente mas em que a OGMA fosse buscar parceiros internacionais que lhe permitissem apanhar o voo da globalização.”

A que se somou a intenção de ter a OGMA num grupo com escala, onde fizesse não apenas manutenção e reparação, mas que passasse a ter também construção e fabrico de componentes e segmentos.

“Do ponto de vista da OGMA era o único caminho possível, porque já à época o Estado português tinha enormes dificuldades financeiras. E precisando a OGMA de se industrializar com modernidade, de se internacionalizar, de formar melhor os seus trabalhadores, de investir em equipamentos, o Estado não teria por si só o dinheiro suficiente para garantir esses investimentos ao longo da década que passou”, argumentou Paulo Portas.

A solução encontrada foi mista: uma privatização onde o Estado português mantém uma participação devido aos serviços que a empresa presta à Força Aérea Portuguesa.

O resultado destes 10 anos foi uma empresa com mais facturação e com mais exportação. Em 2005, a empresa facturava 117 milhões de euros e agora está perto dos 170 milhões; na altura exportava 77 milhões de euros, hoje essa fatia está nos 150 milhões. “Hoje em dia a OGMA está integrada na Embraer e já não é apenas Alverca. É Alverca mais as unidades empresariais que estão em Évora”, realçou Paulo Portas, que esta segunda-feira à tarde também visitará as instalações no Alentejo.

“A OGMA mantém as suas certificações de qualidade para produzir ou trabalhar para gigantes internacionais da aviação como a Embraer ou a Rolls Royce, Lockheed Martin, Airbus, ou como a Pilatos. Nada disso se perdeu. A OGMA continua a prestar um serviço impecável à Força Aérea Portuguesa”, acrescentou. com Lusa