Striptease

Aparecem quase dia a dia ajuntamentos com um papel na mão, que pretendem promover causas sem sentido, a roçar a pura idiotia.

Entre Marinho e Pinto, o “Livre – Tempo de Avançar”, o “Agir”, o “Juntos pelo Povo”, o “Nós” e o “Mas” (?) e outros de que provavelmente ninguém ouviu falar, a escolha é impossível, sem uma investigação miúda, histórica, pessoal e pormenorizada. Ainda por cima, antigamente esta extraordinária fissiparidade assentava nas querelas teológicas do marxismo, que, embora com repugnância, sempre se iam percebendo. Agora só há diferenças de programa, de estratégia ou de alianças num futuro imaginário ou improvável.

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Entre Marinho e Pinto, o “Livre – Tempo de Avançar”, o “Agir”, o “Juntos pelo Povo”, o “Nós” e o “Mas” (?) e outros de que provavelmente ninguém ouviu falar, a escolha é impossível, sem uma investigação miúda, histórica, pessoal e pormenorizada. Ainda por cima, antigamente esta extraordinária fissiparidade assentava nas querelas teológicas do marxismo, que, embora com repugnância, sempre se iam percebendo. Agora só há diferenças de programa, de estratégia ou de alianças num futuro imaginário ou improvável.

Fora isto, que não é pouco, aparecem quase dia a dia ajuntamentos com um papel na mão, que pretendem promover causas sem sentido, a roçar a pura idiotia, e se manifestam por aí com o vocabulário e a ênfase de uma religião apocalíptica. Ora, para além da facilidade de comunicar pela Internet, seria bom saber o que trouxe à cena política as várias guerrilhas do nosso patético radicalismo. Claro que a desagradável tendência para a exibição (e a exposição) explica uma parte substancial deste amor romântico pelo espectáculo. A peonagem obscura da sociedade portuguesa descobriu de repente que a política era um bom caminho para a “fama”; e a crise, naturalmente, produziu a sua própria colheita de “famosos”.

Mas de que estarão convencidos na intimidade da sua cabeça, se de facto a têm, os “protagonistas” das melancólicas seitas, que hoje ocupam a televisão e os jornais? Presumo que uns tantos ambicionam genuinamente governar, um impulso normal em pregadores de profissão. E não me admirava que meia dúzia de outros se convencesse mesmo de que a Pátria precisava das suas luzes. Mas, no fundo, suspeito que a comédia se basta a si própria. Aquelas pessoas que se arrebanham e separam, se elogiam ou injuriam, que se indignam ou extasiam, que prometem à Pátria a salvação ou o abismo, não aspiram a mais do que a passar o tempo, entre os membros da sua tribo que não sentem, como eles, o ridículo e a futilidade do exercício. E verdade seja dita são inteiramente inócuos.