Instituto do Sangue nega desperdício de plasma e diz que S. João sabe disso

Instituto Português do Sangue e da Transplantação diz que tem um programa nacional desde 2014 e que tem capacidade para fornecer plasma a todos os hospitais.

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O IPST recolhe 200 mil unidades de sangue todos os anos, a partir das quais é extraído o plasma Nuno Ferreira Santos

O responsável do IPST, numa conferência de imprensa, explicou que o programa foi apresentado em Novembro numa reunião científica que decorreu em Coimbra. Além disso, adiantou que os conselhos de administração de todos os hospitais do país receberem também a mesma informação através de dois ofícios. O responsável do IPST assume que foram “surpreendidos” com as informações do Centro Hospitalar de São João. “Dá a entender que o IPST está de braços cruzados, que o IPST não anda a fazer nada e que os nossos dadores andam enganados, o que não é verdade”, defendeu.

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O responsável do IPST, numa conferência de imprensa, explicou que o programa foi apresentado em Novembro numa reunião científica que decorreu em Coimbra. Além disso, adiantou que os conselhos de administração de todos os hospitais do país receberem também a mesma informação através de dois ofícios. O responsável do IPST assume que foram “surpreendidos” com as informações do Centro Hospitalar de São João. “Dá a entender que o IPST está de braços cruzados, que o IPST não anda a fazer nada e que os nossos dadores andam enganados, o que não é verdade”, defendeu.

Hélder Trindade reagia às declarações do director do Serviço de Imunoterapia do Centro Hospitalar de São João, no Porto, que no fim-de-semana adiantou que aquela unidade seria a primeira do país a aproveitar totalmente o plasma sanguíneo que recebia dos dadores. O S. João estaria a gastar por ano perto de 750 mil euros para importar plasma sanguíneo e ainda mais dois milhões no derivado deste produto humano. Fernando Araújo, citado pela Lusa, reforçava ainda que, caso viesse a haver uma estratégia nacional que o seu hospital estaria disponível. O médico estimava ainda em 400 mil unidades de plasma o desperdício anual e falava numa despesa de 70 milhões de euros para comprar o produto noutros países.

“Não é verdade que estejam a ser desperdiçadas 400 mil unidades de plasma por ano. O valor da factura nacional em plasma inactivado importado só absurdamente será de 70 milhões de euros. No máximo, o IPST estima, com dados nacionais de 2013, que esse custo seja 10% desse valor”, reforçou Hélder Trindade, que lembrou que “há sempre plasma que não pode ser aproveitado por questões de ordem técnica, de qualidade e de segurança”.

As necessidades do país são de cerca de 75 mil unidades por ano e o responsável garante que o IPST dá resposta, mas lembra que parte do plasma se destina a produzir medicamentos, ficando ainda muitas unidades armazenadas. É para estas que querem lançar um concurso público articulado com os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde. Em relação ao plasma fornecido pelo IPST, afirmou que o produto tem sempre de ser alvo de uma técnica conhecida como inactivação. Num dos casos a técnica é com um reagente chamado amotosaleno e que é feita pelo próprio IPST. Outra técnica, pelo método solvente detergente, é a mais comum e é adjudicada à farmacêutica Octapharma.

“Só poderemos tentar rentabilizar ao máximo o plasma quando pudermos ter este programa completamente desenvolvido”, advertiu Hélder Trindade, que disse acreditar que o S. João acabará por se juntar ao grupo do IPST pelos benefícios de “economia de escala”. No total, metade dos hospitais do Serviço Nacional de Saúde já manifestaram o seu interesse, mas falta fornecerem dados mais concretos das necessidades anuais.

De acordo com o balanço do IPST, ao todo existem 400 mil a 500 mil dadores que permitem que o instituto recolha 200 mil unidades de sangue todos os anos. As reservas mantêm-se estáveis até porque, explicou o presidente deste organismo, o país está a consumir em média menos 108 unidades por dia. Na oncologia o consumo tem sido estável, devendo-se a quebra sobretudo às cirurgias menos invasivas. Ainda assim, o Verão e alguns meses de Inverno continuam a ser mais críticos e é necessário atrair mais dadores jovens.

Hélder Trindade referiu-se também ao trabalho do grupo que está a estudar a possibilidade de os homossexuais poderem doar sangue. Reconheceu que o trabalho está atrasado e não se quis comprometer com prazos, justificando que os peritos são de várias zonas do país e que têm reunido menos do que o previsto. O PÚBLICO noticiou na semana passada que o grupo começou a trabalhar em Dezembro de 2012 e que deveria ter apresentado um relatório até Junho de 2013.