"O AVC é uma bomba-relógio", avisam os especialistas

O desinteresse por parte da população é um dos maiores problemas, alertam os especialistas. Esta terça-feira assinala-se o Dia Nacional do Doente com AVC

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PÚBLICO/Arquivo

O AVC é a primeira causa de morte e invalidez em Portugal. Calcula-se que, por hora, três portugueses sofram um AVC, um dos quais resulta em morte. Cerca de um terço dos sobreviventes pode recuperar significativamente no primeiro mês, mas metade dos doentes continua com problemas ao longo de toda a vida, ficando dependente para realizar actividades diárias. 

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O AVC é a primeira causa de morte e invalidez em Portugal. Calcula-se que, por hora, três portugueses sofram um AVC, um dos quais resulta em morte. Cerca de um terço dos sobreviventes pode recuperar significativamente no primeiro mês, mas metade dos doentes continua com problemas ao longo de toda a vida, ficando dependente para realizar actividades diárias. 

Nas sociedades que são mais desenvolvidas a nível social e económico “está demonstrado” que a percentagem de AVC é mais reduzida, garante o presidente da SPAVC e é necessário alterar o panorama actual português no que diz respeito ao AVC. Quando apresentarem os sintomas [como falta de força num braço, boca ao lado ou dificuldade em falar – os mais comuns nos acidentes vasculares cerebrais], as pessoas devem saber que “tal significa chamar o 112 de imediato através do qual será activada a via verde para o AVC, permitindo um atendimento prioritário hospitalar”, aconselha José Castro Lopes.

Assim, no âmbito do Dia Nacional do Doente com AVC que se assinala esta terça-feira, a SPAVC arrancou com uma nova  e mais agressiva campanha de alerta. O slogan “O AVC é uma bomba relógio que mata 1 português por hora. Viva mais. Não arrisque” tenta alertar para o estilo de vida actual que, segundo dados divulgados pela Associação Nacional AVC, inclui maus hábitos alimentares, sedentarismo e tabaco, factores que colocam em risco "85% da população portuguesa". 

Clara Fernandes, presidente da Associação Nacional AVC, alertou, em entrevista à Lusa, que "estes números reflectem um cenário preocupante e que necessita de uma actuação urgente por parte do Governo do ponto de vista da prevenção e sensibilização para os factores de risco do AVC.” 

Para José Castro Lopes, em primeiro lugar, “todos devem verificar se são portadores de algum factor de risco” e, sob conselho médico, devem “adoptar as medidas terapêuticas e eventuais mudanças nos hábitos de vida, nomeadamente mais utilização da dieta mediterrânica, actividade física diária adequada à idade de cada um”, apontando a caminhada como uma boa solução visto que é “económica e ainda isenta de imposto”.

O site (www.eunaoarrisco.pt) vai servir como plataforma de divulgação da campanha da SPAVC que tem como embaixadora a fadista Carminho. “É importante ser mais uma voz a alertar que um AVC pode acontecer a qualquer um”, nota Carminho ao PÚBLICO concordando que “uma figura pública é um 'canal' para que estas mensagens cheguem ao maior número de pessoas possível”. “A prevenção muitas vezes é a única cura”, avisa.

A SPAVC pretende, durante este ano de campanha, sensibilizar a população para uma doença que pode ser prevenida e tratada para, desse modo, diminuir a taxa de incidência do AVC. Esperam ainda conseguir tratamento da fase aguda no maior número de doentes para diminuir a mortalidade que ainda consideram muito elevada.
 

Texto editado por Andrea Cunha Freitas