Blogger saudita conta como sobreviveu “miraculosamente” a 50 chicotadas

Raif Badawi vai publicar livro na Alemanha. Governo de Berlim alertou para perigo desta decisão para o blogger.

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Protesto em Montreal, Canadá: a campanha para poupar Badawi ao castigo foi global CLEMENT SABOURIN/AFP

Após a primeira semana de chibatas, aplicadas publicamente numa praça em Jidá, as autoridades adiaram sistematicamente a segunda ronda do castigo. Badawi tem saúde frágil e a mulher, Ensaf Haidar, diz que ele não sobreviveria a um novo castigo.

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Após a primeira semana de chibatas, aplicadas publicamente numa praça em Jidá, as autoridades adiaram sistematicamente a segunda ronda do castigo. Badawi tem saúde frágil e a mulher, Ensaf Haidar, diz que ele não sobreviveria a um novo castigo.

Na carta Badawi, 31 anos, lembra o dia 9 de Janeiro, em que foi levado, algemado mas de cara descoberta, para uma praça pública onde foi sujeito a 50 chicoteadas dadas por um polícia. Havia uma multidão a ver. Gritavam com júblico e sem parar “Allahu Akbar”, diz Badawi.

“Todo esse sofrimento cruel aconteceu porque exprimi a minha opinião”, disse Badawi na carta, que a revista diz ser a primeira que escreveu desde que foi preso em 2012 e que será o prefácio para um livro intitulado 1000 chibatadas: porque digo o que penso, que deverá ser publicado na Alemanha em Abril.

A revista nota que o Governo alemão alertou que a publicação poderia trazer consequências para o blogger e co-fundador do site Rede Liberal Saudita, um fórum de discussão.

O caso de Badawi provocou uma campanha intensa de organizações de defesa de direitos humanos como a Amnistia Internacional. Várias ONG e govenros apelaram a Riad para que perdoasse o activista. Mas a Arábia Saudita “denunciou a campanha mediática à volta do caso” e defendeu o castigo.