Registo áudio não dá pistas sobre acidente nos Alpes

Investigadores conseguiram extrair ficheiro de som da primeira caixa negra do Airbus que se despenhou em França, mas recusaram-se a avançar com mais detalhes.

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Jouty contradisse ainda as informações avançadas pelo New York Times, em que o jornal assegurava que tinha sido encontrada a segunda caixa negra, que esta estava “severamente danificada” e sem o crucial chip de memória. Esta informação foi sendo repetida por vários órgãos ao longo da tarde desta quarta-feira. Outras versões afirmavam que apenas fora encontrado o invólucro da caixa, outras que esta estava em pequenos escombros.

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Jouty contradisse ainda as informações avançadas pelo New York Times, em que o jornal assegurava que tinha sido encontrada a segunda caixa negra, que esta estava “severamente danificada” e sem o crucial chip de memória. Esta informação foi sendo repetida por vários órgãos ao longo da tarde desta quarta-feira. Outras versões afirmavam que apenas fora encontrado o invólucro da caixa, outras que esta estava em pequenos escombros.

Informações que Remi Jouty refutou: “Não localizámos a [segunda] caixa negra nem encontrámos destroços dispersados.” 

Esta segunda caixa contém as informações técnicas de voo, incluindo os registos de velocidade, altitude e direcção da aeronave até ao momento do desastre. A partir dela será possível "montar" o registo dos momentos finais do voo da Germanwings, que se despenhou matando as 150 pessoas que seguiam a bordo.

O ficheiro de áudio foi extraído da primeira caixa negra, que corresponde à gravação dos sons do cockpit. Esta primeira caixa foi encontrada logo nas horas seguintes à chegada das primeiras equipas de investigação ao local do acidente, na terça-feira. Embora estivesse danificada, o ministro francês do Interior, Bernard Cazeneuve, assegurou na manhã desta quarta-feira que seria possível extrair algumas informações.

De acordo com especialistas ouvidos pelo jornal inglês Guardian, esta primeira caixa é particularmente crucial para se chegar às razões do acidente – mais do que o será a segunda caixa negra. Até ao momento, o principal mistério prende-se com o facto de não ter sido transmitido qualquer pedido de socorro aos serviços aéreos, mesmo depois de o avião ter sofrido uma queda abrupta de altitude. 

A aeronave operada pela Germanwings – a subsidiária low cost da companhia alemã Lufthansa – saiu do aeroporto El Prat, em Barcelona, na manhã de terça-feira, e tinha como destino Düsseldorf, na Alemanha. O CEO da Lufthansa, Carsten Spohr, disse na manhã desta quarta-feira que o aparelho estava "tecnicamente irrepreensível" e que, no que diz respeito à operadora alemã, o desastre era ainda "inexplicável". 

Quanto às possíveis razões que terão provocado o acidente, Bernard Cazeneuve admitiu que “todas as hipóteses devem ser analisadas”. Porém, na entrevista desta manhã à rádio RTL, o ministro considera que o cenário de atentado terrorista “não é a hipótese privilegiada”, uma vez que “o avião não explodiu verdadeiramente”.

Depois de cerca de meia hora de voo, o avião começou a perder altitude de forma acelerada, sem que os pilotos tenham feito qualquer comunicação de emergência com a torre de controlo. O avião caiu a oito quilómetros do ponto onde emitiu, às 10h40, o último sinal a partir do seu transponder – um aparelho que transmite aos controladores aéreos informações como a altitude, velocidade e rota. Não houve sobreviventes entre as 150 pessoas a bordo.

Diversas nacionalidades a bordo
Ainda não existem dados definitivos sobre a nacionalidade das 150 vítimas. As últimas estimativas da Germanwings, lançadas por volta do meio-dia, apontam para que estivessem a bordo do Airbus pelo menos 72 cidadãos alemães, 35 espanhóis e dois norte-americanos. A operadora ressalva que existem 27 vítimas das quais ainda não foi capaz de determinar a nacionalidade. Alguns dos tripulantes tinham dupla nacionalidade, o que tem complicado o processo de identificação, de acordo com o CEO da subsidiária da Lufthansa, citado pela Associated Press. Ao todo, o diário inglês Guardian diz que foram confirmadas vítimas de 16 nacionalidades. 

As contas dos governos também não são definitivas. O inistério espanhol do Interior estima que estivessem 49 cidadãos espanhóis a bordo da aeronave. Esta informação foi avançada ao final da manhã desta quarta-feira, poucos minutos antes de a Germanwings ter actualizado as suas estimativas. Já o secretário de Estado britânico dos Negócios Estrangeiros, Philipe Hammond, anunciou durante a manhã que "pelo menos" três cidadãos do Reino Unido se encontravam entre as vítimas. Na noite de terça-feira foi a ministra australiana dos Negócios Estrangeiros a anunciar que no acidente haviam morrido dois cidadãos australianos, mãe e filho.

Entre relatos governamentais, informações de agência e estimativas da operadora aérea alemã, acredita-se que entre as vítimas estão três cidadãos do Cazaquistão e dois de cada um dos seguintes países: Argentina, Colômbia, Venezuela, Japão e Irão. Haverá também um tripulante israelita e um número indefinido de cidadãos oriundos de Marrocos e México. Estes dados contrariam os relatos iniciais de que a bordo do Airbus viajava um grande número de cidadãos turcos. 

No local da queda foram entretanto retomadas as buscas pelas equipas de resgate. Os destroços do aparelho estão espalhados por uma área de cerca de dois quilómetros quadrados numa zona de difícil acesso, a 1500 metros de altitude. As buscas devem demorar “pelo menos uma semana” e serão precisos “vários dias” até ser possível repatriar os corpos das 150 vítimas, disse à AFP uma fonte policial.

Foram mobilizados 300 agentes da polícia e 380 bombeiros, para além de uma equipa de 30 elementos de uma força especial de resgate em montanhas, acrescenta a BBC. São esperadas esta quarta-feira as visitas da chanceler alemã, Angela Merkel; do primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy; e do Presidente francês, François Hollande, ao local onde caiu o avião.

Alguns voos da Germanwings foram cancelados esta quarta-feira, informou a companhia aérea. A situação deve-se à recusa de alguns membros da tripulação, “que decidiram não operar aeronaves depois das notícias do acidente”, lê-se num comunicado. Com João Ruela Ribeiro e Ricardo Garcia