Grécia promete nova lista de reformas, Juncker liberta fundos

A mensagem de Bruxelas a Tsipras foi simples: “Dêem-nos uma lista rapidamente, e o dinheiro chegará rapidamente.”

Foto
Merkel disse que “cada parágrafo do acordo conta” ALAIN JOCARD/AFP

A chanceler alemã, Angela Merkel, disse que “cada parágrafo do acordo conta”, referindo-se ao acordo com o Eurogrupo de 20 de Fevereiro em que o Governo liderado por Alexis Tsipras prometeu reformas a ser detalhadas mais tarde em troca do desembolso da última tranche do empréstimo da troika. A demora na concretização destas reformas está a causar preocupação em Bruxelas e outras capitais europeias e a deixar responsáveis a falar já não de uma Grexit, a saída da Grécia do euro por decisão política, mas de um Grexident – uma saída descontrolada com mal entendidos e pressões a levarem a um fim da liquidez do país.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

A chanceler alemã, Angela Merkel, disse que “cada parágrafo do acordo conta”, referindo-se ao acordo com o Eurogrupo de 20 de Fevereiro em que o Governo liderado por Alexis Tsipras prometeu reformas a ser detalhadas mais tarde em troca do desembolso da última tranche do empréstimo da troika. A demora na concretização destas reformas está a causar preocupação em Bruxelas e outras capitais europeias e a deixar responsáveis a falar já não de uma Grexit, a saída da Grécia do euro por decisão política, mas de um Grexident – uma saída descontrolada com mal entendidos e pressões a levarem a um fim da liquidez do país.

O tempo começa a ser a maior preocupação: a Grécia não deverá ter verbas suficientes para chegar a meio do próximo mês sem o dinheiro da última tranche do empréstimo, 7,2 mil milhões de euros, cujo pagamento foi suspenso antes das eleições de Janeiro que deram a vitória à esquerda de Tsipras. A mensagem de Bruxelas foi, no entanto, simples, dizia um responsável sob anonimato à BBC: “Dêem-nos uma lista rapidamente, e o dinheiro chegará rapidamente.”

Merkel mostrou uma ligeira flexibilidade, dizendo que Atenas pode alterar como quiser a sua lista de reformas – “o que é importante é que os números sejam os mesmos”, ou seja, não haja diferenças de poupanças em relação ao anteriormente acordado.

Caso houvesse mudanças, essas teriam de ser analisadas de novo pelo Eurogrupo, o que atrasaria ainda mais o processo. 

Tsipras queixava-se após a cimeira que ultimatos e prazos apenas criavam mais pressão, mas no dia seguinte responsáveis de Atenas e Bruxelas citados pelo Financial Times antecipavam que dentro de sete a dez dias o Governo grego apresentará estas medidas. Assim, poderia ser convocado um encontro de emergência do Eurogrupo para a sua avaliação e decidir as condições dos pagamentos.

O primeiro-ministro grego declarou ter saído do encontro muito mais animado, mas comentadores apontavam que o que conseguiu foi ter-se sentado com um clube restrito de decisores (a nível mais elevado do que as reuniões dos ministros as Finanças) e beneficiado de algum baixar da tensão e retórica das últimas semanas.

O facto do encontro ter decorrido apenas com a chanceler alemã, Angela Merkel, o Presidente francês, François Hollande, para além do presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, o líder da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, o líder do Banco Central Europeu Mario Draghi e o chefe do Eurogrupo Jeroen Dijsselbloem e, claro, Alexis Tsipras, deixou, no entanto, furiosos vários líderes de outros países da zona euro: à Bélgica juntaram-se protestos da Holanda e do Luxemburgo.

Apesar disso, a bolsa de Atenas registou uma subida no dia seguinte à minicimeira, que terminou às 2h da manhã (menos uma hora em Lisboa).

Juncker desbloqueia dois mil milhões

Também na sexta-feira, o presidente da Comissão Europeia deu um pequeno presente à Grécia: reconhecendo que o país sofre “uma crise humanitária”, Juncker disse que poderia libertar “dois mil milhões de euros de 2015” de fundos europeus não utilizados para Atenas. Esta verba não seria para entrar nos cofres do Estado grego mas sim para “reforçar os esforços a favor do crescimento e da coesão social”, por exemplo na luta contra o desemprego jovem. Já está a funcionar uma equipa para que a Grécia possa aproveitar melhor fundos estruturais europeus.

Em Atenas, Tsipras falou sobre a reunião e congratulou-se sobretudo pelo reconhecimento de que a Grécia enfrenta uma “crise humanitária”. Quanto ao que foi acordado na minicimeira, repetiu que não vão ser adoptadas medidas “de recessão”.

O próximo grande dia na saga da crise da dívida grega é já segunda-feira, quando Tsipras visita Merkel em Berlim.