Câmara de Coimbra pede inquérito para averiguar “falhas” em cheia no concelho

“Existe um sistema de alerta municipal, distrital e nacional e tem que funcionar em tempo útil”, disse Manuel Machado. Ainda não é possível apurar o valor dos prejuízos.

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O plano de segurança de barragens “tem de ser revisto” e “reexaminado”, diz Manuel Machado adriano miranda

A cheia inesperada do rio Ceira, junto a Coimbra, inundou 12 habitações e cortou o trânsito na rua e na ponte antiga que atravessam o Cabouco, implicando o desvio da circulação pela nova travessia do rio, ligando a povoação à estrada da Beira (EN 17).

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A cheia inesperada do rio Ceira, junto a Coimbra, inundou 12 habitações e cortou o trânsito na rua e na ponte antiga que atravessam o Cabouco, implicando o desvio da circulação pela nova travessia do rio, ligando a povoação à estrada da Beira (EN 17).

A Câmara Municipal de Coimbra (CMC) pretende que o inquérito explique “a falha que terá levado” à ruptura da conduta de transvase entre as barragens do Alto Ceira e de Santa Luzia, na Pampilhosa da Serra, bem como perceber porque é que o sinal de alerta foi lançado “duas horas depois” do incidente na conduta, o que considerou “inaceitável”.

O rebentamento da conduta terá ocorrido por volta das 06h00 deste sábado, sendo que a primeira “comunicação foi de um cidadão, às 08h07”, explicou o presidente da CMC, Manuel Machado, em conferência de imprensa.

“O que aconteceu não pode acontecer. Existe um sistema de alerta municipal, distrital e nacional e tem que funcionar em tempo útil”, disse. "Felizmente houve uma evacuação atempada das pessoas”, mas que a situação “evidencia uma falha que pode ser grave."

O plano de segurança de barragens “tem de ser revisto” e “reexaminado”. E exigiu a “identificação dos responsáveis”, por o incidente ter posto “em causa normas elementares da protecção civil”.

“Têm de ser localizados os pontos frágeis deste sistema [de barragens] para isto não voltar a acontecer”, salientou, referindo que o controlo online das barragens “não chega”.

Manuel Machado acrescentou que ainda não é possível apurar o valor dos prejuízos da inundação.

O presidente da Câmara Municipal da Pampilhosa da Serra, José Brito, disse à agência Lusa que “não houve qualquer problema” com a nova barragem do Alto Ceira, no distrito de Coimbra, que veio há dois anos substituir outra que existia no mesmo local, tendo o acidente afectado a infra-estrutura antiga que faz o transvase entre esta barragem e a de Santa Luzia, no rio Unhais.

A água é canalizada através de um túnel com quase sete quilómetros de comprimento, o qual rebentou “num ponto em que passa à superfície”, segundo José Brito.

“A situação já está controlada”, disse, às 15:15, indicando que estão no local técnicos da EDP a procurar resolver o problema, bem como bombeiros e responsáveis da Protecção Civil.

Uma fonte do Comando Distrital de Operações de Socorro (CDOS) de Coimbra disse à Lusa que o caudal do rio Ceira já está há algumas horas “com tendência para baixar”.