Eleição na Grécia, efeitos em Lisboa

Lidar com os ventos helénicos perturba partidos portugueses.

Agora que um acto eleitoral na Grécia trouxe para dentro do sistema um partido que não alinha nos códigos há longos anos estabelecidos pela ortodoxia europeia, é indisfarçável a incomodidade. Já se percebeu que a Europa intransigente e bem instalada ainda não sabe como lidar com o sr. Tsipras. Para já, parece um corpo desorientado com a catadupa de medidas que Atenas deita cá para fora, aparentemente indiferente aos humores dos mercados e aos sinais (contraditórios) de Berlim. Cá dentro, o PS está mais ou menos na mesma, talvez embaraçado pelo tsunami que varreu o seu homólogo Pasok da cena política grega, talvez incapaz de saber como tirar partido da situação, como ainda há dois dias provou no Parlamento durante um tempo dedicado a reacções políticas sobre as eleições gregas. Por seu lado, a coligação reagiu em dois tons. Como é da praxe. O CDS com prudência, ou não fosse Portas mestre em fugir de terreno minado. Passos Coelho começou por abordar o assunto com o mesmo jeito com que um elefante entra na loja de porcelanas. Falou das medidas do Syriza como “conto para crianças”, que o mesmo é dizer que não são para levar a sério. A ninguém escapou a deselegância e a falta de tacto político desta reacção inicial do primeiro-ministro, mas o Governo acabou por tentar emendar a mão. De uma forma subtil, embora cheia de intencionalidade política. Só assim se percebe que apenas agora tenha sido divulgada a resposta da ministra das Finanças às críticas endereçadas pela Comissão Europeia ao executivo de Lisboa, acusado de ter posto travão às reformas depois da saída da troika. Em política, o que parece é e não deixa de ser significativo que, depois de anos de salamaleques a Bruxelas, Passos Coelho resolva agora falar uns decibéis acima à Comissão. Ao menos para isso a eleição de Tsipras já serviu.

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Agora que um acto eleitoral na Grécia trouxe para dentro do sistema um partido que não alinha nos códigos há longos anos estabelecidos pela ortodoxia europeia, é indisfarçável a incomodidade. Já se percebeu que a Europa intransigente e bem instalada ainda não sabe como lidar com o sr. Tsipras. Para já, parece um corpo desorientado com a catadupa de medidas que Atenas deita cá para fora, aparentemente indiferente aos humores dos mercados e aos sinais (contraditórios) de Berlim. Cá dentro, o PS está mais ou menos na mesma, talvez embaraçado pelo tsunami que varreu o seu homólogo Pasok da cena política grega, talvez incapaz de saber como tirar partido da situação, como ainda há dois dias provou no Parlamento durante um tempo dedicado a reacções políticas sobre as eleições gregas. Por seu lado, a coligação reagiu em dois tons. Como é da praxe. O CDS com prudência, ou não fosse Portas mestre em fugir de terreno minado. Passos Coelho começou por abordar o assunto com o mesmo jeito com que um elefante entra na loja de porcelanas. Falou das medidas do Syriza como “conto para crianças”, que o mesmo é dizer que não são para levar a sério. A ninguém escapou a deselegância e a falta de tacto político desta reacção inicial do primeiro-ministro, mas o Governo acabou por tentar emendar a mão. De uma forma subtil, embora cheia de intencionalidade política. Só assim se percebe que apenas agora tenha sido divulgada a resposta da ministra das Finanças às críticas endereçadas pela Comissão Europeia ao executivo de Lisboa, acusado de ter posto travão às reformas depois da saída da troika. Em política, o que parece é e não deixa de ser significativo que, depois de anos de salamaleques a Bruxelas, Passos Coelho resolva agora falar uns decibéis acima à Comissão. Ao menos para isso a eleição de Tsipras já serviu.