BE pede “transparência” na venda de património da Câmara de Lisboa

Vice-presidente do município rejeita críticas e fala em "alegações verdadeiramente insuportáveis".

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A alienação de um terreno para amplicação do Hospital da Luz foi um dos negócios criticados Nuno Ferreira Santos

Na recomendação sugeria-se também que a câmara, “na elaboração de planos urbanísticos e na decisão relativa a unidades de execução, sinalize nas respectivas deliberações qualquer manifestação de interesse de privados” em imóveis municipais, bem como “as alterações propostas aos planos que afectem esses activos”.

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Na recomendação sugeria-se também que a câmara, “na elaboração de planos urbanísticos e na decisão relativa a unidades de execução, sinalize nas respectivas deliberações qualquer manifestação de interesse de privados” em imóveis municipais, bem como “as alterações propostas aos planos que afectem esses activos”.

Assinado pelo deputado Ricardo Robles, o documento votado esta terça-feira condena a política de planeamento urbanístico da autarquia, por considerar que esta tem sido “posta ao serviço da alienação de património imobiliário, numa clara inversão do que deveria ser uma correcta planificação urbanística: a opção pelas melhores escolhas para o desenvolvimento da cidade, num exercício de abstracção de meros interesses privados e particulares”. Como exemplo disso mesmo, o eleito do BE aponta os casos recentes da alienação de terrenos a empresas ligadas à Espírito Santo Saúde e à José de Mello Saúde.

PSD, PCP, BE, PEV, MPT, PAN e deputados independentes votaram a favor da recomendação, que teve os votos contra do PS e do Parque das Nações Por Nós. O vice-presidente da câmara não gostou das críticas dirigidas à maioria, particularmente por Ricardo Robles e pela comunista Lúcia Gomes, e disse que as “insinuações” relativamente à falta de transparência nos referidos processos de alienação são “alegações verdadeiramente insuportáveis, injustificáveis, caluniosas até”.

Fernando Medina defendeu que as hastas públicas realizadas assentaram “na defesa intransigente do interesse público” e decorreram “no cumprimento estrito das regras de transparência”, acusando os seus opositores à esquerda de não gostarem dos compradores. “Não se trata de antipatia para com grupos económicos. Trata-se da demasiada simpatia deste executivo para com determinados clientes”, respondeu Lúcia Gomes.