Salman já escolheu os dois reis que se seguem

O novo rei confirmou Muqrin como príncipe herdeiro e abriu caminho à chegada ao trono da terceira geração da casa de Saud.

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Dois reis, Abdullah (que morreu quinta-feira) e Salman, e um herdeiro, Muqrin - os três são irmãos AFP

Desde a morte de Abdulaziz al Saud, em 1953, o trono foi sendo sucessivamente ocupado pelos seus filhos – Salman é o sexto a assumir o cargo. Mas mais de 60 anos após a sua morte restam já poucos dos cerca de 40 filhos que Abdulaziz teve e destes são ainda menos os que se encontram em condições de chefiar o país. A anunciada passagem de testemunho à próxima geração era, por isso, esperada, mas igualmente temida, receando-se que a acesa competição entre os príncipes da terceira geração e as rivalidades que são conhecidas entre os vários ramos da família tornassem menos consensual a escolha do novo rei.

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Desde a morte de Abdulaziz al Saud, em 1953, o trono foi sendo sucessivamente ocupado pelos seus filhos – Salman é o sexto a assumir o cargo. Mas mais de 60 anos após a sua morte restam já poucos dos cerca de 40 filhos que Abdulaziz teve e destes são ainda menos os que se encontram em condições de chefiar o país. A anunciada passagem de testemunho à próxima geração era, por isso, esperada, mas igualmente temida, receando-se que a acesa competição entre os príncipes da terceira geração e as rivalidades que são conhecidas entre os vários ramos da família tornassem menos consensual a escolha do novo rei.

Foi consciente destes riscos que no ano passado Abdullah quebrou a tradição – segundo a qual cabe ao rei em funções designar o seu sucessor – para criar a figura de segundo príncipe herdeiro, um cargo que mesmo não constituindo uma garantia de acesso ao trono reforça as credenciais do escolhido no caso de sucessão. Abdullah nomeou para o lugar o príncipe Muqrin, o mais novo dos filhos de Abdulaziz. Com formação militar no Reino Unido e bem visto em Washington, cujas relações cultivou enquanto foi chefe dos serviços secretos sauditas (2006-2012), Muqrin era confidente de Abdullah e, como ele, é partidário de um processo de reformas no país, sendo bem visto entre a população.

A sua nomeação foi aprovada pelo “conselho de lealdade” – criado por Abdullah para assegurar o consenso em volta do processo de sucessão –, mas dos 35 príncipes que ali têm assento vários discordaram da escolha. É que à sua frente Muqrin tinha outros meios-irmãos mais velhos, entre eles o príncipe Ahmed, que, tal como Salman e a maioria dos seus antecessores, pertence ao "clã dos Soudari", como são conhecidos os filhos de Hassa Ahmad al-Soudair, uma das esposas favoritas de Abdulaziz. A isto acresce o facto de ser filho de mãe iemenita e não de uma legítima princesa saudita. No entanto, Salman deu nesta sexta-feira um passo para o fim da polémica, confirmando-o como seu sucessor.

Mais inesperada foi a decisão de seguir o exemplo de Abdullah, nomeando desde já Mohamed bin Nayef para segundo na linha de sucessão. O ministro do Interior, creditado por ter esmagado as células da Al-Qaeda que na década passada desencadearam vários atentados no país, era entre os netos de Abdulaziz um dos mais referidos para entrar na corrida à sucessão.

Filho do príncipe Nayef, que morreu em 2012 quando era o sucessor designado de Abdullah, Mohamed foi o mais novo membro da família a ocupar uma das principais pastas do Governo, que esteve durante 37 anos nas mãos do seu pai. Agora, a designação como segundo príncipe herdeiro torna-o na figura mais poderosa da sua geração dentro da família real, superando, entre outros, os dois filhos do rei Abdullah.

Igualmente bem visto no Ocidente pela forma como erradicou a ameaça da Al-Qaeda – foi o único membro da família directamente visado por um atentado, em 2009 –, as suas posições sobre o futuro político do país são uma incógnita. Educado nos EUA, será, como a maioria da sua geração, mais aberto a reformas, mas muitos sauditas sublinham que à frente da pasta do Interior tem demonstrado tolerância zero para com as vozes dissidentes.