A promessa de Tsipras e Iglésias no comício do Syriza: "Then we take Berlin"

Líder do Syriza pede votação forte para um Governo estável.

Fotogaleria

Thodoris e Katerina trazem uma bandeira de Espanha. “Acreditamos na Europa, e acreditamos que os países do Sul podem virar para uma direcção diferente”, dizem. “Esta bandeira é por isso não é só pela Grécia. Se tivéssemos uma bandeira portuguesa, também a trazíamos!”

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Thodoris e Katerina trazem uma bandeira de Espanha. “Acreditamos na Europa, e acreditamos que os países do Sul podem virar para uma direcção diferente”, dizem. “Esta bandeira é por isso não é só pela Grécia. Se tivéssemos uma bandeira portuguesa, também a trazíamos!”

Para eles, no fim do comício, o mais importante das palavras de Tsipras foi isso: “A mudança na Europa começa na Grécia.” Em inglês, um cartaz na multidão dizia: “Change for Greece, Change for Europe, Change for all”.

“Decidam o que vai acontecer”, pediu Tsipras no seu discurso. “Dêem-nos o vosso voto para estabilidade. Dêem-nos o poder para ajudar a Grécia a melhorar. Dêem ao Syriza e à Grécia um governo para escapar ao passado de corrupção, subordinação e memorandos destrutivos.”

As sondagens têm dado ao Syriza o primeiro lugar a primeira vitória da esquerda na Grécia , mas não uma maioria de deputados.

Tsipras prometeu unidade: “Não interessa o que votaram até ontem, iremos todos juntos, todos juntos, porque a pobreza não discrimina, o desemprego não discrimina, o desespero não discrimina. Todos juntos, porque o povo unido não pode ser vencido.”

O líder do Syriza também se referiu à chanceler alemã, Angela Merkel, dizendo que a Grécia não aceitará instruções vindas do estrangeiro.

No final do comício, ao lado de Tsipras, aparece Pablo Iglésias, o líder do partido espanhol Podemos. “Venceremos! Syriza, Podemos!”, grita a multidão. A música rimbomba em crescendo. “First, we take Manhattan...” A multidão rejubila: “Then we take Berlin!

Iglésias diz umas palavras em grego: “A mudança na Grécia chama-se Syriza, em Espanha é Podemos, as pessoas estão a falar a mesma linguagem.”

O comício acaba em alta. Segue-se a habitual escolha musical dos encontros do Syriza: há pessoas aos pulos com o hino da resistência anti-fascista de Itália Bella Ciao, há estrategas do partido a abanar a cabeça ao som de I fought the law dos Clash, um homem mais velho abre muito a boca para cantar o refrão de Patti Smith: “People have the poweeeer!”, um casal dança em cima de um caixote do lixo fazendo o V de vitória: “…the poweeeeer!

“É preciso mudar todo o sistema político na Europa. Como gregos, acreditamos primeiro na democracia”, diz Angelos Christodoulou, a enrolar um cigarro no meio da confusão. “Não queremos divórcio da União Europeia, mas não pode ser tudo à maneira deles.”

Há pessoas a tirar selfies com bandeiras do Syriza atrás.

Thrasivoulos Stavridopoulos desce uma avenida que sai da praça, inundada de gente, com uma bandeira do Syriza e uma postura séria, blazer de bombazina e gravata. Há cinco anos juntou-se ao partido. “Antes votava no Pasok [o partido socialista] mas depois da situação que este criou para o país, para a minha família, para o meu rendimento, mudei. Acho que este partido tem um programa melhor”, declara. “Sabemos que vai ser difícil, mas temos um bom programa”, garante. “É nosso dever negociar com os credores, a União Europeia, o FMI, o Banco Central Europeu. É um dever. Não o podemos evitar.”