Meruje, uma planta silvestre que os cientistas querem tornar gourmet

As populações rurais do centro do país costumam comê-la, por exemplo em saladas.

Foto
Os investigadores David Reis e Rui Pereira DR

Merujes no prato, o projecto liderado por David Reis e Rui Pereira, mestres em biodiversidade e biotecnologia vegetal, tem como objectivo determinar as condições para a multiplicação eficaz desta espécie com vista à sua comercialização durante todo o ano, referiu a Universidade de Coimbra esta segunda-feira em comunicado.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Merujes no prato, o projecto liderado por David Reis e Rui Pereira, mestres em biodiversidade e biotecnologia vegetal, tem como objectivo determinar as condições para a multiplicação eficaz desta espécie com vista à sua comercialização durante todo o ano, referiu a Universidade de Coimbra esta segunda-feira em comunicado.

A meruje, acrescenta o comunicado, é uma planta de ciclo curto – dois a três meses –, sendo colhida apenas entre Janeiro e Março, “sem qualquer tipo de certificação ou controlo fitossanitário”. Mais tenra e saborosa do que o agrião, a ideia é incluí-la na gastronomia gourmet internacional, refere ainda o comunicado.

Os investigadores já clonaram a planta e fizeram vários ensaios de cultura in vitro, o que permitiu estudá-la melhor e seleccionar as plantas mais interessantes para cultivo. Os próximos passos passam por perceber quais são as exigências da planta durante o cultivo, testar as plantas já seleccionadas e analisar a produtividade da cultura. No valor global de 16 mil euros, o projecto é financiado, em partes iguais, pela Fundação Vox Populi, em Lisboa, e pela Câmara Municipal de Almeida, no distrito da Guarda, no âmbito da quinta edição do Prémio Ribacôa.

Fonte de ómega-3 e de antioxidantes e mais ricas em fibras e vitamina C do que as alfaces, as merujes são usadas há muito tempo na alimentação pelas populações rurais. Por exemplo, na zona da Guarda é habitual colher e comer merujes. Os dois investigadores dizem que importa agora transformá-las num recurso agrícola viável e numa alternativa saudável e complementar aos vegetais mais vulgarmente usados em saladas.