Tempestade encurta visita do Papa aos sobreviventes do tufão Haiyan

De visita às Filipinas, Francisco fez questão de visitar Tacloban.

Fotogaleria

Num grande terreiro perto do aeroporto, acabado de ser reconstruído, enfrentando o vento e a chuva, dezenas de milhares de fiéis protegidos por capas de plástico amarelas, juntaram-se para ouvir as palavras do pontífice argentino.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Num grande terreiro perto do aeroporto, acabado de ser reconstruído, enfrentando o vento e a chuva, dezenas de milhares de fiéis protegidos por capas de plástico amarelas, juntaram-se para ouvir as palavras do pontífice argentino.

Visivelmente comovido, Francisco explicou à multidão que não ia ler o seu discurso e que não podia falar em inglês, preferindo a sua língua materna, o espanhol, que depois foi traduzido em inglês.

“Quando estava em Roma e soube desta catástrofe, o meu sentimento foi que tinha que vir aqui. Hoje estou aqui junto de vós, mas cheguei um pouco atrasado”, disse o Papa, antes de hesitar nas palavras. “Não sei o que vos dizer. Tudo o que posso fazer é guardar o silêncio e partir com vocês no meu coração silencioso”.

O tufão Haiyan abateu-se sobre Tacloban com uma violência extrema em Novembro de 2013, provocando mais de sete mil mortos e dezenas de milhares de sinistrados. A cidade ficou completamente arrasada.

“Aquilo que me vem ao coração, a razão pela qual vim aqui, é para vos dizer que Jesus não abandona nunca. Vocês podem dizer: fui abandonado, perdi a minha casa, o meu pai, a minha mãe… Eu respeito esses sentimentos. Mas o Senhor da Cruz é capaz de chorar, de caminhar ao vosso lado nas piores circunstâncias”, continuou o Papa, também ele coberto por um impermeável amarelo.

Depois da cerimónia, Francisco cumpriu o resto do seu programa em Tacloban em passo de corrida, à medida que a tempestade se ia intensificando. Percorreu a multidão no seu papamóvel descoberto, parou cerca de dez minutos para falar com uma família de pescadores pobres, benzeu sem sair do carro um centro de acolhimento para pobres, almoçou rapidamente com um grupo de sobreviventes e foi à pequena catedral de Palo, a 12 quilómetros do aeroporto, para benzer a assembleia. Aqui, desculpou-se aos presentes: “Peço-vos perdão”, disse, explicando que tinha que partir rapidamente e que isso o deixava “verdadeiramente muito triste”.