"Lamento, mas eu não sou Charlie", declara Jean-Marie Le Pen

Le Pen diz que se recusa a defender "o espírito do Charlie", que descreve como "um espírito anarco-trotskista completamente contrário à moral política".

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Jean-Marie Le Pen diz que a manifestação de domingo foi "orquestrada pelos media" KENZO TRIBOUILLARD/AFP

"Hoje só se ouve dizer: 'somos todos Charlie, eu sou Charlie'. Quanto a mim, lamento, mas eu não sou Charlie", afirmou Le Pen, num vídeo partilhado no seu site.

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"Hoje só se ouve dizer: 'somos todos Charlie, eu sou Charlie'. Quanto a mim, lamento, mas eu não sou Charlie", afirmou Le Pen, num vídeo partilhado no seu site.

"Sinto-me tocado pela morte de 12 compatriotas franceses, mas não me vou bater pela defesa do espírito do Charlie, que é um espírito anarco-trotskista completamente contrário à moral política", disse ainda o fundador da Frente Nacional, o partido de extrema-direita liderado pela sua filha, Marine Le Pen.

Na mesma mensagem, disse que o Charlie Hebdo é "inimigo da Frente Nacional", lembrando que o jornal "pediu a dissolução do partido através de uma petição há não muito tempo".

O fundador da Frente Nacional disse ainda que a manifestação de homenagem às vítimas, marcada para domingo, em Paris, foi "orquestrada pelos media".

"A forma como foi orquestrada faz-me lembrar outras manifestações do mesmo género organizadas com a cumplicidade dos media, incluindo os media da direita", disse o fundador da Frente Nacional. Jean-Marie Le Pen disse também que "este fenómeno do terrorismo tem origem na imigração em massa".

Em 1990, foi realizada uma grande manifestação que contou com a presença do actual Presidente francês, François Hollande, e que contestou a profanação de cemitérios judaicos. Os seus responsáveis, identificados seis anos mais tarde, eram membros de um grupo neonazi sem ligações à Frente Nacional.

Uma outra grande manifestação ocorreu em 2002, depois de Jean-Marie Le Pen ter terminado à frente do candidato da esquerda na primeira volta das eleições presidenciais, passando à segunda volta para defrontar Jacques Chirac.

A Frente Nacional não foi convidada a participar na "marcha republicana" marcada para domingo, em Paris, que irá contar com a participação da quase totalidade de partidos políticos, sindicatos e associações do país, com vários líderes internacionais, entre eles o primeiro-ministro português, Passos Coelho, e a Presidente do Parlamento, Assunção Esteves.

"Encontraremos outras formas de comunicar com os franceses", disse a actual líder da Frente Nacional, Marine Le Pen, que condenou "o atentado terrorista cometido por fundamentalistas islâmicos".