Avião da companhia que revolucionou as viagens na Ásia desaparece no mar de Java

No voo QZ8501 da AirAsia seguiam 162 pessoas, a maioria indonésias. O Airbus A320-200 partiu de Juanda, na ilha de Java, com destino a Singapura. Desapareceu depois do piloto pedir para subir de altitude por causa do mau tempo.

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Sabe-se que o piloto era experiente, com 6100 horas de voo, e que pediu para subir dos 9.800 metros de altitude para os 11.600 por causa de problemas de visibilidade provocados por uma trovoada violenta. Aos 42 minutos de viagem, seis minutos depois deste pedido, perdeu o contacto com a torre e desapareceu dos radares sem que nenhuma chamada de SOS tenha sido feita. O avião, um Airbus, como todos os aparelhos da AirAsia, passou a última revisão em Novembro.

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Sabe-se que o piloto era experiente, com 6100 horas de voo, e que pediu para subir dos 9.800 metros de altitude para os 11.600 por causa de problemas de visibilidade provocados por uma trovoada violenta. Aos 42 minutos de viagem, seis minutos depois deste pedido, perdeu o contacto com a torre e desapareceu dos radares sem que nenhuma chamada de SOS tenha sido feita. O avião, um Airbus, como todos os aparelhos da AirAsia, passou a última revisão em Novembro.

O avião transportava sete tripulantes e 155 passageiros: 138 adultos, 16 crianças e um bebé. Das 162 pessoas que seguiam a abordo, 155 eram indonésias, três sul-coreanas, uma malaia, um britânico, um singapurense e um co-piloto francês.

As autoridades indonésias recusaram ao longo do dia avançar com teorias, confirmando apenas que o tempo era mau na altura em que o avião desapareceu. David Learmount, piloto e editor do site de aviação Flight Global, disse à agência de notícias britânica Press Association que é muito comum os pilotos pediram para mudar de rota nesta área. “Não estamos só a falar de trovões e relâmpagos. As tempestades podem ser muito, muito poderosas e rasgar completamente um avião de tamanho médio”, explica. Learmount diz ser “muito pouco provável” que os passageiros sobrevivessem a uma aterragem no mar.

“É o meu maior pesadelo”, escreveu no Twitter Tony Fernandes, o empresário filho de mãe malaca e de pai goês que comprou a companhia em 2001, antes de se deslocar para Juanda, na ilha indonésia de Java. Foi daqui que o voo QZ8501 levantou, às 5h20 (21h20 de sábado em Portugal) e ali se reuniram a maior parte dos familiares dos passageiros. Outros, como Louise Sidharta, que tinha o noivo a bordo, esperavam por notícias no aeroporto de Changi, em Singapura.

Quando Fernandes adquiriu a empresa a um conglomerado estatal da Malásia, esta estava falida. Ele pagou as dívidas e 25 cêntimos pelos seus dois aviões – em 2003, com o seu lema “Now Everyone can fly " (Agora qualquer um pode voar), já fizera da AirAsia uma empresa rentável.

Nos anos que se seguiram, à medida que a emergência de classes médias fazia o tráfego aéreo explodir naquela parte do mundo, foi acumulando filiais pelo Sudeste Asiático. Entretanto, nasceram dezenas de transportadoras low cost na região, mas a aposta da AirAsia na segurança, com uma frota jovem, permitiu-lhe seguir na liderança. Com 86 aviões e 30 milhões de passageiros transportados por ano, a AirAsia é desde 2009 considerada a melhor low cost do mundo para voar, um título atribuído pela empresa especializada Skytrax, de Londres.

A Autoridade da Aviação da Indonésia assumiu a liderança das buscas, com a cooperação do Exército. Com o cair da noite os helicópteros e aviões envolvidos regressaram a terra, mas os seis navios envolvidos continuaram à procura do aparelho numa área em redor da ilha de Belitung. A partir de segunda-feira, as operações vão contar com dois aviões enviados por Singapura.

Coreia do Sul, Austrália, Índia e Estados Unidos também se ofereceram-se para colaborar. O mesmo fez o Governo da Malásia, prometendo “ajudar em tudo o que for possível”, no final de um ano negro para transportadoras malaias. Foi há dez meses que o voo MH370 da Malaysia Airlines desapareceu quando voava entre Kuala Lumpur e Pequim com 239 pessoas – Austrália e Malásia ainda procuram sinais do Boing 777-200, numa operação que já envolveu mais de 24 países e nunca permitiu encontrar qualquer destroço. Em Julho, um segundo aparelho da Malaysia Airlines foi derrubado quando sobrevoava o Leste da Ucrânia. Morreram 298 pessoas.