Centenas de civis já morreram na Líbia nos últimos meses

ONU avisa partes beligerantes que podem vir a ser acusadas de “crimes de guerra”.

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A Líbia vive há meses num ambiente de anarquia e caos ABDULLAH DOMA/AFP

Desde meados de Maio, os combates aumentaram e as violações dos direitos humanos persistem com absoluta impunidade”, declarou a porta-voz do Alto Comissariado dos Direitos Humanos (OHCHR), Ravina Shamdasani, sublinhando que “alguns destes crimes podem constituir crimes de guerra”.

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Desde meados de Maio, os combates aumentaram e as violações dos direitos humanos persistem com absoluta impunidade”, declarou a porta-voz do Alto Comissariado dos Direitos Humanos (OHCHR), Ravina Shamdasani, sublinhando que “alguns destes crimes podem constituir crimes de guerra”.

Na região de Warshafana, perto de Tríploi, os combates entre grupos armados mataram cerca de uma centena de pessoas e deixaram 500 feridos entre o fim de Agosto e o início de Outubro, segundo um relatório do OHCHR e da missão da ONU na Líbia. Estes combates provocaram uma “crise humanitária”, segundo a ONU, que levou à deslocação de 120 mil pessoas, obrigadas a fugir das suas casas e a enfrentar graves penúrias alimentares e médicas.

Outros combates nas montanhas de Nafusa, perto de Warshafana, provocaram a morte de 170 civis e pelo menos 450 pessoas foram mortas em Bengasi ao longo dos últimos dois meses, em confrontos que levaram à fuga de 90 mil pessoas.

A ONU dá também conta de ataques indiscriminados contra escolas, de raptos, tortura e execuções sumárias de civis.

“Dezenas de civis foram raptados por diferentes actores, unicamente por supostas ligações tribais, familiares ou religiosas, muitas vezes para serem feitos reféns trocáveis por dinheiro ou por prisioneiros da parte adversária”, indica o relatório da ONU.

Os grupos armados visam particularmente militantes políticos e de defesa dos direitos humanos bem como jornalistas.

“Enquanto comandantes de um grupo armado, vocês são penalmente responsáveis, à luz do direito internacional, se cometerem ou mandarem cometer graves violações dos direitos humanos ou se não conseguirem tomar medidas razoáveis e necessárias para impedir ou punir tais acções”, avisou o alto comissário da ONU para os direitos humanos, Zeid Ra'ad Al Hussein.