Passos opta por solução interna para a chefia do SIS

Novo director é Adélio Neiva da Cruz, anterior director-geral-adjunto. Prova de confiança do governo em Júlio Pereira, o chefe das secretas.

Foto
Passos Coelho já substituiu o director do SIS

Neiva da Cruz, até agora director-geral adjunto do SIS, substitui o magistrado Horácio Pinto, que ontem concluiu nove anos à frente daqueles serviços, dos quais seis em comissão fora da magistratura judicial, a que se somou um período de prolongamento de outros três. A sua exoneração era inevitável.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Neiva da Cruz, até agora director-geral adjunto do SIS, substitui o magistrado Horácio Pinto, que ontem concluiu nove anos à frente daqueles serviços, dos quais seis em comissão fora da magistratura judicial, a que se somou um período de prolongamento de outros três. A sua exoneração era inevitável.

Recorda-se que o SIS apareceu referenciado na Operação Labirinto sobre a concessão de vistos gold, na limpeza electrónica ao gabinete de António Figueiredo, director do Instituto de Registos de Notariado, que se encontra em prisão preventiva. Naquela operação, justificada como normal pelos serviços de informação, mas admitida pelo Conselho de Fiscalização que, no entanto, a considerou imprudente, para além de dois técnicos do SIS participou Horácio Pinto. Pelo que a sua gestão foi questionada.

A divulgação de que Júlio Pereira, secretário-geral do Sistema de Informações da República Portuguesa (SIRP), órgão de cúpula das secretas que superintende o Serviço de Informações de Segurança e o SIED [Serviço de Informações Estratégicas de Defesa], esteve entre os vários convivas num jantar em casa de Maria Antónia Anes, a ex-secretária-geral do Ministério da Justiça que se encontra em prisão domiciliária no âmbito do processo dos vistos gold, levou alguns sectores a questionarem a sua continuidade. Tentavam que Pereira apresentasse a sua demissão.  

Contudo, o primeiro-ministro mantém a confiança em Júlio Pereira, que foi nomeado para o cargo pelo Governo de José Sócrates, como atesta a indicação de Adélio Neiva da Cruz para chefiar o SIS. Neiva da Cruz é proposto pelo secretário-geral do SIRP de quem foi, aliás, chefe de gabinete. É um “homem da casa” e tem o perfil técnico e conhecedor da área das informações defendido pelo secretário-geral do SIRP. Uma solução interna, no momento em que em Portugal, como na generalidade dos países da Europa Ocidental, é dada particular ênfase à luta contra o radicalismo islâmico.