O novo palácio de Erdogan custou o dobro do previsto, oposição já faz comparações com Ceausescu

Assim que foi eleito Presidente, Erdogan mudou-se para o Ak Saray, em Ancara, deixando o antigo palácio presidencial para o primeiro-ministro.

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"O novo edifício é uma adaptação do palácio que Ceausescu ergueu para si em Bucareste, mas onde não viveu nem um só dia. É uma adaptação no que diz respeito ao edifício e no que diz respeito à mentalidade que representa", disse num debate parlamentar no início de Novembro o deputado  Izzet Çetin, da principal força da oposição, o Partido Republicano do Povo.

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"O novo edifício é uma adaptação do palácio que Ceausescu ergueu para si em Bucareste, mas onde não viveu nem um só dia. É uma adaptação no que diz respeito ao edifício e no que diz respeito à mentalidade que representa", disse num debate parlamentar no início de Novembro o deputado  Izzet Çetin, da principal força da oposição, o Partido Republicano do Povo.

A polémica à volta do palácio não é nova. Mas foi reavivada pelo ministro das Finanças, Mehmet Simsek, que revelou agora ao jornal turco Hurriyet que o complexo irá custar 615 milhões de dólares. Mais de 400 deles, explicou, já foram pagos, mas há ainda custos no valor de 135 milhões que foram inscritos no orçamento para 2015. Um gasto extra anunciado pelo ministro: Ergogan também encomendou um novo avião presidencial, um Airbus A330-220, no valor de 185 milhões de dólares.

Conhecido como Ak Saray (Palácio Branco), o palácio de Erdogan - que se mudou para lá a 30 de Agosto, depois de ter sido eleito chefe de Estado; antes era primeiro-ministro - é maior do que a Casa Branca de Washington, do que o Kremlin de Moscovo e do que o Palácio de Versailhes, que fica nos arredores de Paris. 

Foi construído numa montanha que era densamente florestada e que teve que ser "desbastada" para que pudesse surgir o palácio, numa área de mais de 150 mil metros quadrados. A polémica começou logo ai, na escolha do local - uma área de floresta protegida em Ancara, conforme tinha sido determinado pelo fundador da  Turquia, Mustafa Kemal Ataturk.

Os ambientalistas - que promoveram a revolta de 2013 no Parque Gezi contra a destruição de espaços verdes a favor dos mega-projectos de construção civil de Erdogan - acusaram-no de estar a delapidar o património natural da capital turca. Seguiu-se a polémica da dimensão e luxo do projecto de Ancara, que levou a oposição a falar de Ceausescu, finalmente apareceu a derrapagem dos custos.

Polémicas à parte, Erdogan mudou-se, deixando a sua antiga residência, o palácio Cankaya, ao actual primeiro-ministro, Ahmet Davutoglu, e para marcar que aquela é a nova sede da presidência (e a sua nova casa), já começou a realizar no Ak Saray as suas reuniões com os ministros.