Chefe do Exército alerta para instabilidade e sobrevalorização de critérios financeiros

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Militares dos Navy SEAL durante exercícios, em Outubro passado US Navy/AFP

Num discurso proferido domingo nas comemorações Dia do Exército, em Beja, e nesta segunda-feira enviado às redacções, o general Carlos Jerónimo definiu como uma prioridade, enquanto CEME, "garantir ao Exército um grau de estabilidade que permita salvaguardar a eficácia na actuação e assegurar a tranquilidade do efectivo e da família militar".

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Num discurso proferido domingo nas comemorações Dia do Exército, em Beja, e nesta segunda-feira enviado às redacções, o general Carlos Jerónimo definiu como uma prioridade, enquanto CEME, "garantir ao Exército um grau de estabilidade que permita salvaguardar a eficácia na actuação e assegurar a tranquilidade do efectivo e da família militar".

“Esta vertente assentará por pugnar pela estabilidade das condições estatutárias, busca de soluções para desbloquear as promoções e o congelamento da progressão nas carreiras e ultrapassar os constrangimentos orçamentais que afectam o Treino Operacional e a participação em exercícios internacionais”, explicou.

"É um compromisso que assumo como Comandante do Exército pois considero ser necessário e imperativo manter a coesão do Exército através da salvaguarda da dignidade da condição militar", acrescentou.

O CEME, que assumiu funções em Fevereiro, sublinhou que o momento presente “é sobretudo marcado pela conjuntura socioeconómica que impõe fortes restrições financeiras e de contenção relativamente a grandes programas de investimento”.

“Face aos ajustamentos considerados necessários pela tutela, alguns projectos estruturantes foram cancelados, houve necessidade de adequar o esforço aos recursos disponíveis, e foi concebida uma nova reestruturação do Exército sem, no entanto, a anterior estar concluída", afirmou o general Carlos Jerónimo, referindo-se à nova reforma em curso "Defesa 2020".

No seu discurso, o responsável pelo Exército defendeu que "importa ser muito selectivo acerca do que se pode ou não abdicar, sob pena" de o país vir "a sofrer por falta de capacidade militar, caso que não seria singular na História de Portugal".

"É importante ter uma perspectiva em que os critérios puramente financeiros não sejam sobrevalorizados. Os recursos financeiros podem garantir o bem-estar, mas este é indissociável da garantia de uma segurança efectiva", lê-se no discurso.

O CEME sublinhou que os "militares necessitam de estabilidade socioeconómica de forma a garantir a tranquilidade necessária para a execução de tarefas que são de risco e penosidade acrescidas", vincando a "necessidade de acesso à saúde, no apoio social complementar, e nas questões relacionadas com as remunerações e suplementos".