O material da era espacial

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Parece pedra mas não é pedra. Trabalha-se como a madeira mas não é madeira. Corian é o nome que a marca DuPont deu ao material que criou em 1967. Composto por um polímero acrílico e tri-hidrato de alumínio, esta superfície sólida não porosa aparece na forma de placas (standardizadas) ou em peças pré-moldadas.

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Parece pedra mas não é pedra. Trabalha-se como a madeira mas não é madeira. Corian é o nome que a marca DuPont deu ao material que criou em 1967. Composto por um polímero acrílico e tri-hidrato de alumínio, esta superfície sólida não porosa aparece na forma de placas (standardizadas) ou em peças pré-moldadas.

Quando em 1971 começou a ser comercializado, tinha já o apelido de material da era espacial. Impermeável, resistente aos riscos e renovável através de novas lixagens, o corian foi inicialmente desenvolvido para ser utilizado em cozinhas e casas de banho. Pode ser aplicado no revestimento de fachadas e em mobiliário exterior (pela sua resistência à exposição de raios ultravioleta), mas é nos interiores que tem ganho visibilidade.

E o que destingue o corian de outros materiais? É a facilidade com que pode ser trabalhado e sem limitações de desenho. É termomoldável (moldado por acção do calor) e as juntas de união das peças tornam-se invisíveis através da aplicação de uma cola epoxy da mesma cor. O que daí pode resultar é uma infinidade de formas e peças de aspecto contínuo. Usando as ferramentas da carpintaria, pode ser serrado, perfurado, torneado e gravado. A paleta ultrapassa as cem cores e algumas chegam a ser translúcidas quando retro-iluminadas, o que estende a aplicação do corian ao campo da iluminação.

O designer Nir Meiri produziu uma série limitada de jarras, em que a par de materiais como o bambu, um derivado da madeira, o OSB (aglomerado de partículas de madeira orientadas) e o vidro, usa o corian como mais uma das diferentes camadas que formam a construção em altura destas peças, tornando evidente que este já não é um material estranho e que pode ser conjugado com muitos outros.

Numa escala maior, os arquitectos Aires Mateus também decidiram que o corian convivia bem com materiais naturais, como o ulmo, a madeira e até a areia, com que são construídas as casas de pescadores que recuperaram na Comporta. O módulo de bancada da cozinha é feito em corian e corresponde ao ideal de volume branco, uniforme, neutro, capaz de pousar em qualquer espaço, doméstico ou não.

Na recuperação de uma casa pombalina, o arquitecto Pedro Reis utilizou-o para uma banheira profundamente vermelha, encaixada numa casa de banho.

Os painéis da Marotte Drop 06 e Thalweg 33 reproduzem o trabalho escultórico, da madeira sobre o suporte do corian, e podem ser aplicados como revestimento em paredes ou como componentes para mobiliário.

A mesa de apoio (ou mesinha de cabeceira) White-Shell 639, desenhada por Salvatore Indriolo para a marca italiana Zanotta, utiliza Cristalplant (outra marca para o mesmo material) para dar a forma de uma concha.

Também usado como objecto doméstico utilitário, tiras deste material circundam bases de vários tamanhos para formarem as taças Loop desenhadas por Naoto Fukasawa para a B&B Italia.

Muitos têm usado este material e dão-lhe o nome da marca original, Corian, embora muitas vezes recorram a outras marcas. É como chamarmos gillette à máquina de barbear ou chiclete à pastilha elástica. Quando isso acontece, ficamos esclarecidos quanto à origem e permanência desses produtos no nosso quotidiano.