Tablet Uni permite que surdos comuniquem sem limitações

Tablet tem dois tipos de tecnologia que permitem traduzir a linguagem gestual para áudio e o som para texto escrito

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Motionsavvy

Uma empresa norte-americana criou um produto que acredita que irá mudar a vida das pessoas surdas ou com problemas graves de audição. Um aparelho, em formato de tablet, traduz a linguagem gestual para áudio e texto escrito, tornando-se uma ferramenta que pode ajudar a eliminar barreiras nas interacções diárias com pessoas sem problemas de audição, nomeadamente no ambiente de trabalho.

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Uma empresa norte-americana criou um produto que acredita que irá mudar a vida das pessoas surdas ou com problemas graves de audição. Um aparelho, em formato de tablet, traduz a linguagem gestual para áudio e texto escrito, tornando-se uma ferramenta que pode ajudar a eliminar barreiras nas interacções diárias com pessoas sem problemas de audição, nomeadamente no ambiente de trabalho.

O Uni utiliza a LeapMotion, uma tecnologia que reconhece gestos em movimento, o que permite aos utilizadores verem como estes aparecem numa câmara, evitando que sejam inseridos sinais gestuais errados ou que se perca informação importante na conversação com outra pessoa.

Criado pela empresa MotionSavvy, com sede em São Francisco, o Uni funciona através de duas câmaras e projecta imagens dos gestos da pessoa surda num espaço virtual em 3D. O sistema traduz a linguagem gestual para um discurso áudio e, com uma tecnologia de reconhecimento de voz, transforma depois o que é proferido em texto. Não consegue, para já, transformar o que é dito verbalmente em linguagem gestual.

Segundo a MotionSavvy, o Uni tem em atenção as ligeiras diferenças nos gestos de cada surdo e grava esses pormenores no dicionário do utilizador, adaptando os movimentos que são particulares a um utilizador à sua forma de comunicar com terceiros.

Cada vez que um utilizador acrescenta um gesto, através da função SignBuilder, este é partilhado com todos os que usem o Uni com a função CrowdSign. “Isso permite que o UNI forneça periodicamente grandes actualizações no dicionário e rapidamente aumente o número de sinais gestuais que estão no dicionário e que passam a ser reconhecidos pelo sistema”, explica a empresa no seu site.

O Uni está ainda em fase de protótipo e apenas compreende 300 palavras. A MotionSavvy pretende testar uma versão beta do produto com pessoas com deficiência auditiva e assim aumentar o léxico em 15 mil palavras até à próxima Primavera. Para já, o Uni só reconhece a língua inglesa e apenas pode ser utilizado através do tablet que vem com o sistema, estando indisponível para ser utilizado em iPads ou aparelhos com Android. No entanto, o tablet pode ser usado como um tablet normal.

Os testes vão ser realizados pelas pessoas que já fizeram uma pré-encomenda do Uni, por 198 dólares (156 euros) - 99 dólares/78 euros como contribuição inicial e 99 dólares quando o aparelho for enviado para o consumidor -, através da operação de crowdfunding Indiegogo lançada esta semana pela MotionSavvy, para conseguir um financiamento de 40 mil dólares (31.500 euros), até Dezembro, para avançar com o projecto. Será desta forma que a empresa irá determinar o número de aparelhos que serão comercializados.

Além do custo do aparelho, o utilizador terá que pagar uma mensalidade de 19,99 dólares (16 euros) para aceder às actualizações do sistema a nível de vocabulário.

O presidente executivo da MotionSavvy, Ryan Hait-Campbell, sublinha à revista Time a importância de um aparelho como este em momentos em que uma pessoa surda não tem intermediários ou outra forma para comunicar. "Não considero o ser surdo uma desvantagem, mas na realidade é", afirma: "Não houve qualquer inovação real para os surdos que não podem falar. A maioria das pessoas surdas, se tem emprego, tem empregos que exigem pouca comunicação, como trabalho pesado. E isso é horrível, porque o potencial dessas pessoas, inclusive dos meus amigos, pode levá-los longe", defendeu Hait-Campbell.

Não existe um número oficial de pessoas com deficiência auditiva no mundo. Estima-se, no entanto, que 15% da população mundial tenha uma deficiência e que desta percentagem 10% sofram de surdez.

Os Censos 2011 não permitiramm apurar com certeza o número de pessoas com deficiência no país, mas indicam que 13% dos portugueses têm dificuldade em ouvir. Ou seja, cerca de 1,4 milhões de pessoas. Segundo a Associação Portuguesa de Surdos, em Portugal existem perto de 120 mil pessoas com algum grau de perda auditiva e cerca de 30 mil surdos que usam a língua gestual portuguesa.