Australianos apresentam olho biónico para devolver visão a cegos

Primeiro protótipo de olho biónico já foi implementado. É o maior marco desde o desenvolvimento do Braille, dizem cientistas

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Uma equipa de cientistas australianos implantou o primeiro protótipo de olho biónico numa mulher, e explicaram que o feito poderá devolver a visão a muitos cegos.

A cirurgia, que permitiu reformular o olho da paciente electromecanicamente, é considerada pelos cientistas como o maior marco desde o desenvolvimento do Braille. De acordo com os cientistas australianos da Bionic Vision Australia (BVA), o aparelho está desenhado para pacientes que sofrem uma perda de visão degenerativa e hereditária, causada por uma condição genética conhecida como rinite pigmentosa.

O olho biónico, que é implantado parcialmente no globo ocular, dispõe de uma pequena câmara, colocada sobre uma lente, que captura imagens e envia-as para um processador que pode guardar-se num bolso. O dispositivo transmite um sinal dentro da retina para estimular os neurónios vivos, o que permite enviar imagens ao cérebro.

"Uma experiência incrível"

Um mês depois de implantado e tendo a paciente recuperado já da cirurgia, a equipa ligou o dispositivo no laboratório, provocando de imediato uma reacção visual na mulher. Referindo ter tido “uma experiência incrível”, Dianne Ashworth afirmou ter visto um pequeno flash, reacção que nunca conseguiu obter através de outros estímulos.

O olho biónico foi desenvolvido pela Bionic Vision Australia (BVA), um consórcio de investigadores apoiado pelo Estado australiano, tendo sido formalmente apresentado pelo Governo daquele país. Este “pode ser um dos avanços científicos mais importantes da nossa geração”, afirmou o primeiro-ministro australiano, Kevin Rudd, numa apresentação formal do projecto.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), 39 milhões de pessoas em todo o mundo sofrem de cegueira, e 246 milhões são portadoras de deficiências visuais.

“O projeto do olho biónico permitirá à Austrália manter-se na vanguarda desta linha de investigação e comercialização, devolvendo a visão a milhares de pessoas em todo o mundo”, acrescentou. A equipa espera agora conseguir desenvolver implantes mais completos, já que este protótipo não permite a recuperação de uma visão perfeita.

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