Há temas na Igreja que não podem ser tratados por pressão, diz dirigente dos bispos europeus

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Bispos durante a missa de beatificação de Paulo VI, este domingo, em São Pedro AFP/FILIPPO MONTEFORTE

"Há temas que não podem ser tratados ideologicamente e por pressão, até, da opinião pública ou por pressão de uns países contra os outros", afirmou Duarte da Cunha, em Fátima, à margem das XXVI Jornadas Nacionais da Pastoral Familiar, que hoje terminaram.

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"Há temas que não podem ser tratados ideologicamente e por pressão, até, da opinião pública ou por pressão de uns países contra os outros", afirmou Duarte da Cunha, em Fátima, à margem das XXVI Jornadas Nacionais da Pastoral Familiar, que hoje terminaram.

Para Duarte da Cunha, "a fidelidade àquilo que são princípios fundamentais da revelação e da fé não são coisas que sejam etiquetadas facilmente com conservadorismo ou progressismo".

Admitindo que, "às vezes, por quem não está dentro dos assuntos parece que é conservador ou progressista", o sacerdote referiu que "é mais do que isso, é o amor à verdade das pessoas e à verdade de Deus".

Questionado sobre se venceu o conservadorismo no Sínodo, dada a inexistência de consensos em relação aos recasados e aos homossexuais, Duarte da Cunha discordou, notando que "a tónica do acolhimento está completamente acolhida".
"Ninguém deve sentir-se não amado e não querido e que não tem lugar na Igreja, seja divorciado, recasado, seja de tendências homossexuais, seja o que for", disse o responsável, ressalvando que tal "não significa que então se pode receber a comunhão quando não se está em estado de graça".

Para o padre, tal "não significaria não ser acolhido, mas significaria tratar a comunhão como se fosse uma resolução de problemas que as pessoas (...) sabem perfeitamente que não resolve". O acolhimento implica que a Igreja "se ponha ao lado das pessoas e que faça caminho na verdade das circunstâncias delas, não que faça de conta que não aconteceu um problema", salientou.

Solicitado a fazer um balanço do Sínodo, Duarte da Cunha afirmou que "a família, de facto, é uma preocupação real na Igreja" e que "não se pode pensar na Igreja à margem da família" ou dos seus desafios.

"Acho que também é preciso perceber, e o documento do Sínodo mostra isso, que há uma continuidade. Um dos grandes perigos é quando a gente acha que há descontinuidade", disse, recordando que o documento faz uma "referência muito clara" ao Concílio Vaticano II e aos papas Paulo VI, João Paulo II e Bento XVI.

O Sínodo aprovou no sábado um relatório final, sem que tenha sido alcançado um acordo em relação aos casos de divórcio e aos homossexuais.