Morreu o cão-símbolo dos protestos antiausteridade na Grécia

Loukanikos chegou a ser concorrente para a personalidade do ano da revista Time. Já se tinha reformado dos protestos – como muitos gregos.

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Loukanikos, um símbolo dos protestos na Grécia AFP

A sua morte foi notícia nos media gregos e internacionais. Loukanikos (“salsicha”) era uma sensação nos media desde que apareceu pela primeira vez numa fotografia de uma manifestação em 2008, e conseguiu sobreviver a motins após motins.

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A sua morte foi notícia nos media gregos e internacionais. Loukanikos (“salsicha”) era uma sensação nos media desde que apareceu pela primeira vez numa fotografia de uma manifestação em 2008, e conseguiu sobreviver a motins após motins.

“Magoou-se uma vez na pata e outra cabeça, provavelmente por ter sido apanhado numa troca de pedras arremessadas ou peças de mármore, como é normal em escaramuças entre polícia e manifestantes”, contou ao diário britânico The Telegraph Achilleas Adam, um reformado que tomava conta de Loukanikos. “Uma vez mordeu um escudo de um polícia anti-motim! Ele não atacava outras pessoas, só polícias”, lembrou. Por vezes, Loukanikos também levava granadas de gás lacrimogéneo por explodir na boca.

O cão acabou por sofrer com os efeitos do gás lacrimogéneo, diz Adam, que o reformou dos protestos há dois anos. Porque estava preocupado com as novas armas usadas pela polícia, disse, e porque entretanto já não há tantas grandes manifestações como antes.

Depois de anos de protestos que raras vezes não se tornavam violentos, muitos gregos fartaram-se de manifestações enquanto os cortes do Governo e as medidas de austeridade se repetiam.

A única manifestação que entretanto se mantém, há cerca de um ano, é a das empregadas de limpeza do Ministério das Finanças. Manifestam-se todos os dias há um ano, e as suas luvas cor de rosa tornaram-se um símbolo (estiveram na abertura do Parlamento Europeu a convite do partido de esquerda Syriza).

Um tribunal já ordenou que as 595 funcionárias despedidas, todas com mais de 45 anos, fossem recolocadas, dizendo que a decisão era ilegal (a primeira decisão do género no país), mas o ministério recusa-se a contratá-las de volta e recorreu para o Supremo. Este ficou de decidir sobre o caso em Setembro, mas adiou a decisão para Fevereiro.