Répteis parecem ser capazes de aprender imitando as acções dos seus congéneres

Esta capacidade cognitiva, agora observada pela primeira vez num lagarto, era considerada até aqui exclusiva dos primatas e de algumas aves.

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O lagarto barbudo parece ter capacidades cognitivas evoluídas André Karwath/Creative Commons

Segundo eles, isto significa que, ao contrário dos papagaios, que emulam – ou seja, repetem mecanicamente as palavras do seu dono –, os répteis são capazes de imitar o comportamento de um congénere percebendo a intenção por detrás desse comportamento, num processo de verdadeira aprendizagem social. Os seus resultados foram publicados na revista Animal Cognition.

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Segundo eles, isto significa que, ao contrário dos papagaios, que emulam – ou seja, repetem mecanicamente as palavras do seu dono –, os répteis são capazes de imitar o comportamento de um congénere percebendo a intenção por detrás desse comportamento, num processo de verdadeira aprendizagem social. Os seus resultados foram publicados na revista Animal Cognition.

Até aqui, este tipo de aprendizagem apenas tinha sido observado nos seres humanos e em primatas como os chimpanzés – e ainda em aves como os corvos. Porém, a questão de saber se as espécies não humanas possuem realmente uma tal capacidade cognitiva continua a ser debatida.

Anna Wilkinson, da Universidade de Lincoln (Reino Unido), e colegas da Universidade Eötvös Loránd (Hungria) e da Universidade de Viena (Áustria) submeteram 12 dragões barbudos (lagartos da espécie Pogona vitticeps) a uma experiência simples. Começaram por dividir os animais em dois grupos. E enquanto os oito animais do primeiro grupo puderam ver um outro lagarto da mesma espécie a “mostrar-lhes” como abrir uma porta para obter comida, os quatro do segundo grupo (grupo de controlo) também viram a porta a abrir-se, mas sem a intervenção de um congénere “demonstrador”.

O que os autores constataram foi que todos os lagartos que tinham visto o “demonstrador” a efectuar a acção conseguiram imitar esse comportamento, abrindo a porta e acedendo à comida – mas que nenhum dos que tinham visto a porta abrir-se sozinha o fizeram.

“Este resultado, aliado a outras diferenças de comportamento entre os animais dos dois grupos, sugere que a aprendizagem por imitação terá evoluído a partir de mecanismos muito antigos”, diz Anna Wilkinson num comunicado da sua universidade. “E revelam os primeiros indícios de que a imitação também existe nos répteis, sugerindo que são eles capazes de utilizar informação social para aprender através da imitação.”