Aerogel português para isolamento de naves espaciais será apresentado no Canadá

Empresa portuguesa Active Aerogels e investigadores da Universidade de Coimbra desenvolveram composto que poderá substituir espumas de isolamento térmico utilizadas na construção civil.

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Vaivém Endeavour lançado num foguetão em 2002 Eliot Schechter/Getty Images/AFP (arquivo)

O novo aerogel, que impermeabiliza superfícies e, numa fase imediata, servirá para isolar foguetões, vai ser "apresentado publicamente no mais importante congresso mundial do sector espacial", no Congresso Internacional de Astronáutica, entre 29 de Setembro e 3 de Outubro, em Toronto, Canadá, avança o comunicado.

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O novo aerogel, que impermeabiliza superfícies e, numa fase imediata, servirá para isolar foguetões, vai ser "apresentado publicamente no mais importante congresso mundial do sector espacial", no Congresso Internacional de Astronáutica, entre 29 de Setembro e 3 de Outubro, em Toronto, Canadá, avança o comunicado.

Desenvolvido pela Active Aerogels, empresa de Coimbra, em conjunto com uma equipa de investigadores da Faculdade de Ciências e Tecnologia da UC, esta "revolucionária técnica de isolamento térmico permite a impermeabilização das superfícies mais complexas e estranhas que se possa imaginar", afirma Bruno Carvalho, da Active Aerogels.

Para já, a nova técnica está feita para "o isolamento de foguetões ou naves espaciais e para aplicações criogénicas, porque suporta pressões e temperaturas impensáveis", sublinha Bruno Carvalho. "Nos vários testes efectuados, entre os 250 graus negativos e os 200 positivos, todas as propriedades se mantiveram intactas", adianta, sustentando que "este aerogel em partículas é, sem dúvida, o isolamento do futuro".

Por isso, "decidiu-se fazer o lançamento público no Congresso Internacional de Astronáutica", onde estarão todas as agências espaciais e "os mais reputados académicos e empresários do sector espacial", acrescenta Bruno Carvalho.

Sucedâneo de uma nova geração de aerogéis, com "propriedades super-isolantes", também inventada e patenteada por investigadores da UC e da Active Aerogels, a médio prazo, o aerogel em spray "poderá substituir as tradicionais espumas de isolamento térmico utilizadas na construção civil", defende Bruno Carvalho.

"Estamos a explorar novos mercados e aplicações e à procura de parcerias financeiras para tornar possível a produção em massa", assegura Bruno Carvalho, adiantando que "o objectivo é democratizar o uso deste novo material com propriedades únicas".

Semelhante à confecção de gelatina, o aerogel é obtido a partir da mistura de reagentes que formam um gel, extraindo-se o líquido, posteriormente, por um processo exclusivo de secagem para garantir extrema leveza, densidade mínima e grande flexibilidade.

Além de possuir uma "excelente condutividade térmica", o aerogel desenvolvido em Coimbra repele a água, garantindo uma "longevidade muito maior em relação aos materiais isolantes existentes no mercado, que se deterioram facilmente".

A investigação que deu origem ao aerogel foi iniciada em 2006, já tendo sido investidos mais de 1,5 milhões de euros, suportados pela Agência Espacial Europeia, pelo QREN (Quadro de Referência Estratégico Nacional) e por receitas próprias.