Ordem dos Médicos insiste que mortes no Hospital de Santa Cruz se deveram a cortes

Administração do hospital nega e diz que dispõe de "um elevado montante" para custear o material clínico.

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Bastonário da Ordem dos Médicos denunciou morte dos doentes em Julho

O bastonário José Manuel Silva considera que esta é prova de que os constrangimentos “não se deveram a atrasos dos médicos. Os médicos não podem marcar procedimentos sem as válvulas”, disse ao Diário de Notícias, que divulga este e-mail de 6 de Dezembro  assinado pela presidente do conselho de administração do Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental (CHLO), que engloba o Santa Cruz.

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O bastonário José Manuel Silva considera que esta é prova de que os constrangimentos “não se deveram a atrasos dos médicos. Os médicos não podem marcar procedimentos sem as válvulas”, disse ao Diário de Notícias, que divulga este e-mail de 6 de Dezembro  assinado pela presidente do conselho de administração do Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental (CHLO), que engloba o Santa Cruz.

Na missiva de Maria João Pais, lê-se que "os doentes mais urgentes terão de ser programados para Janeiro de 2014, e só deverão ser marcados depois do serviço de compras encomendar as válvulas" que apenas podem ser colocadas "em doentes da área de referência do CHLO".

Fonte do CHLO insistiu que os doentes estavam de facto em lista de espera mas que "faleceram por causas infecciosas”, sendo já de avançada idade (91 e 87 anos), cita o mesmo jornal.  

Ainda segundo a OM, os médicos do Hospital de Santa Cruz que efectuaram a denúncia garantiram que a Unidade de Intervenção Cardiovascular “ficou sem capacidade de resposta desde o dia 4 de Julho por falta de manutenção e material”.

Na sequência destas denúncias, o Ministério da Saúde ordenou a abertura de um processo de averiguações pela Inspecção-Geral das Actividades em Saúde (IGAS). O relatório da inspecção, divulgado pelo Hospital de Santa Cruz no mês passado, concluiu “não ter fundamento a denúncia quando vem afirmar que a morte dos dois doentes em lista de espera se ficou a dever à não-aquisição dos dispositivos médicos, por restrições orçamentais”.

A administração do CHLO defende agora em comunicado, citado pela agência Lusa, que o serviço de cardiologia dispõe no seu orçamento de "um elevado montante" para custear o material clínico onde estão incluídas as VAP.  Diz ainda que, por se tratar de uma técnica recente, se verifica "grande solicitação e pressão de vários hospitais do país" para colocação destes dispositivos, uma vez que nem todos fazem esta prática.

De acordo com informação da administração, no ano passado mais de metade dos doentes que colocaram os dispositivos não pertenciam à área daquele centro hospitalar, "correspondendo a uma sobrecarga financeira extraordinária".

A administração reconhece que o envelhecimento da população e a patologia da válvula aórtica, própria deste grupo etário, exigirão um progressivo investimento nesta técnica. Por isso, refere, "foi proposto à tutela pelo Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia Espinho em conjunto com o Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental um programa piloto para financiamento específico e desenvolvimento de colocação de VAP".