Seis meses depois, onde está o avião da Malaysia Airlines?

O que aconteceu a bordo? Foi um acidente ou um ataque? Perguntas feitas pelas famílias dos passageiros e tripulação ainda não têm resposta.

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A 8 de Março, o voo MH370 da Malaysia Airlines saída de Kuala Lumpur com destino a Pequim. Nunca chegou ao aeroporto chinês. Do aparelho, as autoridades receberam apenas silêncio assim que este sobrevoou a zona do golfo da Tailândia, sem que algo indicasse o que teria acontecido a bordo ou se soubesse a última localização exacta do Boeing 777-200. Um radar militar detectou um sinal do avião a noroeste do estreito de Malaca e depois nada.

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A 8 de Março, o voo MH370 da Malaysia Airlines saída de Kuala Lumpur com destino a Pequim. Nunca chegou ao aeroporto chinês. Do aparelho, as autoridades receberam apenas silêncio assim que este sobrevoou a zona do golfo da Tailândia, sem que algo indicasse o que teria acontecido a bordo ou se soubesse a última localização exacta do Boeing 777-200. Um radar militar detectou um sinal do avião a noroeste do estreito de Malaca e depois nada.

O que aconteceu é um mistério, um dos mais maiores da história da aviação comercial. Desde o dia do desaparecimento do aparelho, as operações de busca multiplicaram-se e acabaram por se centrar a cerca de 1800 quilómetros da costa ocidental australiana, no oceano Índico.

Mais de 20 países integraram as acções de busca e sem resultados definitivos, os investigadores têm avançado várias versões sobre o que poderá ter acontecido. Acidente, com o despenho do avião no ar ou desintegração em pleno voo, uma avaria técnica, ou mesmo o resultado de um acto deliberado de um dos pilotos ou de uma outra acção premeditada.  A hipótese que tem recolhido mais apoio é a que uma brusca queda dos níveis de oxigénio a bordo que deixou a tripulação e os passageiros inconscientes. O avião terá continuado a voar em piloto automático, até se despenhar no mar devido à falta de combustível.

Durante os últimos seis meses foram analisados perto de mil caminhos que o aparelho poderia ter percorrido até desaparecer. A zona a sul do oceano Índico, numa área de 60 mil quilómetros quadrados, acabou por ser a região onde se têm concentrado as buscas, lideradas pela Austrália e Malásia, com o apoio de outros países. As caixas negras do aparelho há muito que deixaram de funcionar e os sinais detectados por embarcações do que poderia ser o avião não revelaram nada. Também nenhum destroço do avião foi até agora encontrado.

As buscas aéreas foram dadas por terminadas no mês seguinte ao desaparecimento do avião e as pesquisas por mar em Maio. Desde então, embarcações australianas e chinesas fazem um registo batimétrico do fundo do oceano, que mede a profundidade e o relevo do fundo do mar. Este registo vai ser essencial para uma nova operação de busca de uma equipa australiana e holandesa, a ter início este mês, no valor de mais de 31 milhões de euros, segundo o jornal The Telegraph. A agência noticiosa Itar-Tass indica que a Malásia e a Austrália vão apoiar as buscas ao Boeing 777 com um total de 92 milhões de euros.

Famílias dos passageiros recusam indemnizações
Para as famílias dos passageiros, principalmente os de nacionalidade chinesa (seguiam também a bordo cidadãos do Canadá, Indonésia, Ucrânia, França, Holanda e Austrália), consideram que tanto a Malaysia Airlines, como o governo malaio não apresentaram todos os dados recolhidos sobre o que aconteceu e exigem respostas das partes envolvidas.

Antes de se saber o que se passou com o Boeing 777-200, as famílias já receberam propostas de indemnização pelas suas perdas. Segundo alguns desses familiares, foi oferecida uma compensação no valor de 38.500 euros, mas apenas sete famílias aceitaram a proposta. As restantes consideram que aceitar uma indemnização é aceitar que o avião caiu no mar, sem que se saiba o que aconteceu.

A confirmar-se o valor da indemnização oferecida esta fica muito abaixo do que estabelece a convenção de Montreal, uma compensação de mais de 135 mil euros por passageiro que tenha morrido.

Esta segunda-feira foi realizada uma cerimónia de oração no templo budista de Lamas, em Pequim, onde perto de 30 familiares dos passageiros do voo MH370 da Malaysia Airlines (seguiam a bordo 153 chineses) estiveram reunidos e criticaram a actuação no caso das autoridades chinesas, que acusam de maltratar as famílias das vítimas.

“Cada dia é uma tortura, mas no dia de hoje sofremos ainda mais”, disse à AFP uma mulher, que perdeu a filha a 8 de Março - falou sob a vigilância de polícias que estiveram no local da cerimónia, que depois se transformou numa manifestação, levando os agentes a dispersarem as pessoas presentes.

Dai Shuqin, que tinha a irmã entre os passageiros, espera que o Governo chinês dê informações sobre as investigações. “Não sabemos se [o Presidente] Xi Jinping sabe alguma coisa ou não, mas se sabe esperamos que nos diga”.

Segundo Dai Shuqin, em Julho, perto de 30 familiares foram detidos, incluindo duas crianças, e dois deles agredidos quando se manifestavam à porta das instalações da Malaysia Airlines, em Pequim, a exigir explicações.

Na Malásia também se realizou, este fim-de-semana, uma cerimónia em memória das vítimas, em que participaram centenas de pessoas. "Dói-me o coração por ainda não termos informações sobre o que aconteceu com o MH370. O meu espírito não está em paz", desabafou à AFP Selamat Umar, cujo filho viajava no avião que desapareceu.

Desde o desaparecimento do voo MH370 e do voo MH17 Malaysia Airlines, este último abatido por um míssil quando sobrevoava a Ucrânia, a companhia aérea sofreu um forte abalo financeiro. Está prevista o despedimento de seis mil funcionários, perto de um terço do pessoal, e estima-se que a empresa esteja a perder cerca de 1,5 milhões de euros por dia.