FMI defende aumento de salários na Alemanha para impulsionar retoma na Europa

Em entrevista, Christine Lagarde afirmou que a maior economia europeia tem "margem de manobra" para ajudar.

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Christine Lagarde, directora do FMI SAUL LOEB/AFP

"Acho muito importante que a Alemanha participe no movimento de recuperação de forma intensa. Tem os meios para o fazer", afirmou Christine Lagarde à estação de televisão suíça RTS.

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"Acho muito importante que a Alemanha participe no movimento de recuperação de forma intensa. Tem os meios para o fazer", afirmou Christine Lagarde à estação de televisão suíça RTS.

Descrevendo a retoma económica da Europa como "trabalhosa", a líder do FMI sublinhou que aquela que é a maior potência económica do continente europeu tem "margem de manobra" para ajudar, como ficou provado nas recentes negociações salariais.

A existência "dessa margem ficou provada nas negociações salariais entre sindicatos e organizações patronais", afirmou, acrescentando ter esperança que "a iniciativa seja alargada e isso ajude a impulsionar a retoma europeia".

No mês passado, o presidente do banco central alemão (o Bundesbank), Jens Weidmann, admitiu haver possibilidade de os salários do país aumentarem até 3%, já que a Alemanha "está praticamente em situação de pleno emprego".

No entanto, esta posição contraria aquilo que o Governo e a chanceler Angela Merkel têm defendido quando referem que a política de contenção salarial é que tem permitido ao país aumentar a competitividade.

Vários países europeus, que têm apresentado uma recuperação económica muito lenta, têm acusado a Alemanha de estar a prejudicar os restantes membros da União Europeia com excedentes comerciais.

Aliás, desde o início da crise da dívida na zona euro, em 2010, que os parceiros europeus acusam a Alemanha de não usar a sua posição como maior economia do continente para impulsionar o crescimento dos outros países.

A última crítica surgiu no sábado e foi lançada pelo ministro francês da Economia – agora demissionário – Arnaud Montebourg.

"É preciso levantar a voz [porque] a Alemanha está presa a uma política de austeridade e impõe-na em toda a Europa", afirmou o ministro, em declarações ao jornal francês Le Monde.