CMVM encontrou indícios de crime no Grupo Espírito Santo

Presidente do regulador afirmou que abriu processos de investigação por causa das oscilações nas acções do BES e da PT.

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BES liderou as perdas ao cair 3,77% Sara Matos

Nesta quinta-feira, numa audição parlamentar sobre o Grupo Espírito Santo (GES), que detém o Espírito Santo Financial Group (por sua vez, dono de 20,1% do BES), o presidente da CMVM, Carlos Tavares, afirmou que, nos últimos anos, foram instaurados 20 processos de contra-ordenação a entidades do grupo, e que os indícios de actividade ilícita foram entregues às autoridades. Em causa estavam, entre outros, eventuais crimes de abuso de informação privilegiada e abuso de confiança.

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Nesta quinta-feira, numa audição parlamentar sobre o Grupo Espírito Santo (GES), que detém o Espírito Santo Financial Group (por sua vez, dono de 20,1% do BES), o presidente da CMVM, Carlos Tavares, afirmou que, nos últimos anos, foram instaurados 20 processos de contra-ordenação a entidades do grupo, e que os indícios de actividade ilícita foram entregues às autoridades. Em causa estavam, entre outros, eventuais crimes de abuso de informação privilegiada e abuso de confiança.

O presidente da CMVM disse também não descartar a possibilidade de comportamentos ilícitos no caso do investimento de 897 milhões de euros feito pela PT na Rioforte, a holding que agrega os negócios não-financeiros do GES, e que entrou em incumprimento. “Não nos basta aquela afirmação de que não sabiam. Novecentos milhões de euros não se escondem em qualquer sítio”, argumentou Carlos Tavares, notando que o mercado tem o direito de conhecer os riscos a que a operadora está exposta, nomeadamente aqueles que não estão relacionados com o negócio da empresa.

O investimento da operadora foi tornado público no final de Junho, já em plena crise do GES, e levou a que Zeinal Bava, o presidente executivo da Oi (com a qual a PT está em fusão) e presidente da PT Portugal (uma das sociedades através das quais foi feito o empréstimo à Rioforte), viesse dizer publicamente que não tinha conhecimento do negócio.

No Parlamento, Carlos Tavares avançou ainda que as oscilação das acções do BES e da PT ao longo dos últimos dias já levaram à abertura de cinco processos de investigação. “Esta volatilidade das acções propicia a ocorrência de crimes de abuso de mercado”, salientou, afirmando também que o regulador está preocupado com a estabilidade do banco, na sequência das notícias que têm vindo a ser publicadas sobre o grupo. Tanto as acções do BES como da PT tiveram nas últimas semanas grandes subidas e descidas e a CMVM chegou a suspender, a 10 de Julho, a negociação de acções do BES, num dia em que a cotação sofreu uma queda de 17%.

Carlos Tavares chamou ainda a atenção do mercado para a próxima quarta-feira, dia em que o BES comunica resultados semestrais, referindo que há “informação relevante” sobre a situação do banco que é desconhecida e que será então pública. “Haverá mais informação relevante para além da que está actualmente no mercado”, disse.

A apresentação dos resultados relativos aos primeiros seis meses do ano estava agendada para esta sexta-feira, mas, na terça-feira passada, o banco comunicou que seria adiada para dia 30.