Ordem recomenda a médicos que suspendam colaboração com Ministério da Saúde

Ordem dos Médicos diz que clínicos ganham menos do que "mecânicos" e que muitos estão a emigrar

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O ministério pede "urgência" na colocação destes médicos Enric Vives-Rubio

Destacando que os médicos estão a ser “coagidos pelo Ministério da Saúde a optar entre a desqualificação do seu trabalho ou a emigração”, a Ordem apela, em comunicado, para que deixem de participar em grupos de trabalho e recusem qualquer tipo de colaboração não remunerada com o MS, a Administração Central do Sistema de Saúde, as várias administrações regionais de saúde e a Direcção-Geral da Saúde.

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Destacando que os médicos estão a ser “coagidos pelo Ministério da Saúde a optar entre a desqualificação do seu trabalho ou a emigração”, a Ordem apela, em comunicado, para que deixem de participar em grupos de trabalho e recusem qualquer tipo de colaboração não remunerada com o MS, a Administração Central do Sistema de Saúde, as várias administrações regionais de saúde e a Direcção-Geral da Saúde.


Apesar de exercerem  “uma profissão de elevada exigência, complexidade e alto risco”, os médicos são remunerados “abaixo de mecânicos, sem que o Ministério denote qualquer preocupação com essa situação”, acrescenta a OM, sublinhando que é exactamente por essa razão que muitos concursos ficam “desertos”.

Lamentando que o MS dedique “mais atenção a alimentar notícias na comunicação social (…) do que a promover um diálogo efectivo e sério com os médicos e com os doentes”, a Ordem  garante ainda que não assinará “acordos vazios de conteúdos concretos e devidamente datados, ao contrário de outros”.

Pede também aos médicos que informem directamente os seus doentes da “gravidade e impacto da actual política” do MS e que continuem a denunciar todas as situações de “deficiência, insuficiência ou pressão que possam pôr em risco a saúde dos doentes e o seu tratamento de acordo com as boas práticas médicas”.

Notando que a greve convocada pela Federação Nacional dos Médicos (FNAM) foi “completamente desvalorizada e, com base na mistificação, reduzida a uma mera iniciativa de carácter político-partidário”, a Ordem assevera que o que se passa na saúde em Portugal “é grave, como demonstram as urgências sobrelotadas, os hospitais com pessoal insuficiente, os doentes sem médico de família e a realidade (esperada e prevista) de cada vez mais doentes oncológicos terem de ser operados no sector privado”. 

A OM não deixa, porém, de convidar já o Ministério da Saúde "para reatar o diálogo" e adianta que está disponível para o fazer "ainda em Julho ou mesmo em Agosto". 

 

Notícia actualizada com reacção do Ministério da Saúde