O “vexame histórico” que transforma o “Maracanaço” numa brincadeira

Imprensa brasileira e europeia em sintonia sobre humilhação sofrida pela selecção brasileira.

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Folha de São Paulo: “Vexame histórico”
O site do jornal de São Paulo dá um nome à derrocada do Brasil em Belo Horizonte: “Mineiraço”. Fala de uma selecção brasileira “irreconhecível” que foi massacrada pela Alemanha. A maior derrota de sempre da selecção brasileira é qualificada como um “vexame histórico”. O colunista Juca Kfouri escreveu que “o futebol brasileiro foi reduzido a pó”. O jornal fez também as inevitáveis comparações com o "Maracanaço", a perda do Mundial de 1950 frente ao Uruguai no Rio de Janeiro. “Foi mais vergonhoso do que a final a Copa de 1950”, diz à Folha Gabriel Silva Ferreira, um brasileiro de 89 anos, que testemunhou há 64 anos aquela que era sem dúvidas, até ontem, a derrota mais dramática da história do futebol brasileiro.

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Folha de São Paulo: “Vexame histórico”
O site do jornal de São Paulo dá um nome à derrocada do Brasil em Belo Horizonte: “Mineiraço”. Fala de uma selecção brasileira “irreconhecível” que foi massacrada pela Alemanha. A maior derrota de sempre da selecção brasileira é qualificada como um “vexame histórico”. O colunista Juca Kfouri escreveu que “o futebol brasileiro foi reduzido a pó”. O jornal fez também as inevitáveis comparações com o "Maracanaço", a perda do Mundial de 1950 frente ao Uruguai no Rio de Janeiro. “Foi mais vergonhoso do que a final a Copa de 1950”, diz à Folha Gabriel Silva Ferreira, um brasileiro de 89 anos, que testemunhou há 64 anos aquela que era sem dúvidas, até ontem, a derrota mais dramática da história do futebol brasileiro.

O Globo: “O pior vexame da história”
“Vergonha”, “vexame” e “humilhação” foram as palavras escolhidas para a capa pelo jornal do Rio de Janeiro. “A selecção brasileira viveu ontem o pior vexame dos seus cem anos de história”, escreve na primeira página O Globo, que apelida a derrota com a Alemanha como o “Mineiratzen”, em mais uma analogia com o "Maracanaço" de 1950, em que o Brasil também perdeu o Mundial em casa. Esses jogadores de 1950 ficaram marcados para a toda a vida. E Fred, avançado da actual selecção, reconheceu logo a seguir ao jogo que o mesmo vai acontecer agora: “É uma cicatriz que a gente leva durante toda a nossa vida”.

Estado de São Paulo: “Humilhação em casa”
“Humilhação em casa” é o título do jornal, “humilhação histórica” é a manchete do site. O Estado de São Paulo não foge ao vocabulário escolhido pela imprensa brasileira para catalogar a maior derrota da história do futebol brasileiro. A diferença é que o jornal paulista aponta já para o futuro, considerando que a “derrota põe em xeque a cultura do improviso”. “O futebol brasileiro vai precisar de um choque de gestão e investimento nas categorias de base para tentar apagar o fiasco desta Copa”. O colunista Antero Greco, por sua vez, faz uma comparação com o passado e declara que “1950 terminou”: “A surra de 7 a 1 dos alemães supera o baque de 1950. Primeiro, nos números – 2 a 1 é resultado corriqueiro. Em segundo, e eis o ponto importante, na diferença de nível. A decisão daquele Mundial foi equilibrada, com placar aberto até ao apito final.”

Extra: "Parabéns"
O jornal Extra, do grupo Globo, fez uma manchete heterodoxa, dando os parabéns à selecção brasileira... de 1950. “Parabéns aos vice-campeões de 1950, que sempre foram acusados de dar o maior vexame do futebol brasileiro. Ontem conhecemos o que é vexame de verdade”, lê-se na capa do jornal, sobre uma fotografia a preto e branco da final daquele ano, no Maracanã.

El País: “O Maracanaço foi uma brincadeira”
José Sámano, editor de desporto do El País, não hesitou em escrever que “o futebol nunca mais será o mesmo desde esta noite em Belo Horizonte, em que aconteceu o maior cataclismo desde que a bola rola há mais de um século”. “Jamais houve algo igual ou parecido. O "Maracanaço" foi uma brincadeira quando comparado com o 7-1 encaixado pelo Brasil frente à Alemanha”, escreve o jornalista espanhol, para quem será difícil catalogar o que se passou neste jogo: “Serão precisos guionistas de primeira e um pelotão de psicólogos, psiquiatras, sociólogos e quantos se queiram juntar a uma cátedra que promete.” Num texto que termina com a ideia de que “não há forma de medir semelhante sismo”, Sámano escreve que o Brasil ficou estremecido e que desta vez “há muitos Barbosas [referência ao guarda-redes de 1950 a quem muitos atribuíram as culpas pela derrota] para condenar por um cataclismo histórico, com Luiz Felipe Scolari e muitos dirigentes à cabeça”.

El Mundo: “Maranaço infinito”
A noite de Belo Horizonte foi um “Maracanaço infinito” escreve o El Mundo, cujo jornalista Miguel Herguedas termina a crónica de jogo sentenciando que a história recordará para sempre esta derrota como o “Mineiraço”. Os “alemães disfarçados de Flamengo” (uma referência ao equipamento preto e vermelho do maior clube brasileiro) merecem os maiores elogios: “um estilo único, onde a posse de bola se junta à vertigem, onde o talento de uma geração maravilhosa se põe ao serviço do colectivo”.

Guardian: “Igual a mastigar vidro partido”
“Foi a noite em que a Alemanha retirou a coroa ao rei do futebol”, diz Daniel Taylor, no Guardian, para quem esta derrota foi como se um marcador preto tivesse passado por cima de todas as páginas da história do futebol brasileiro. O jornalista britânico escreve que o Brasil não só perdeu pela primeira vez um jogo em casa desde 1975, não só foi eliminado do seu Mundial, como foi envergonhado de “uma maneira que o fará olhar para trás e querer tapar os olhos”: “Isto foi o equivalente no futebol a mastigar vidro partido”.

Frankfurter Allgemeine Zeitung: “Inimaginável”
“Quatro golos em seis minutos: Alemanha celebra o milagre de futebol de Belo Horizonte”, escreve o jornal alemão FAZ, qualificando o 7-1 ao Brasil como algo “inacreditável”, “inimaginável” e “inconcebível”.