A educação dos ciganos da Vidigueira

Num programa para “educar” os ciganos do seu concelho sobre o modo de viver urbano, o presidente da câmara alojou 70 num barracão sem casa de banho, cozinha, água ou esgotos e deu-lhe o nome pomposo de "Parque de Estágio". Mais tarde, os ciganos desentenderam-se e abandonaram o local. Com uma rapidez que nunca vemos na administração pública, quatro dias depois estava tudo arrasado, incluindo muitos dos seus bens. Esta política de tratar os ciganos como se não fossem gente e de os empurrar de concelho em concelho à espera que os problemas – apenas porque passam a estar em território vizinho – se resolvem por si só não conseguirá mais do que a criação de guetos ainda mais impenetráveis. Em Portugal, onde muito racismo é disfarçado pelo politicamente correcto, os ciganos escapam a todas as protecções. Ninguém finge que os preferia ver longe daqui. Nem o Estado.

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Num programa para “educar” os ciganos do seu concelho sobre o modo de viver urbano, o presidente da câmara alojou 70 num barracão sem casa de banho, cozinha, água ou esgotos e deu-lhe o nome pomposo de "Parque de Estágio". Mais tarde, os ciganos desentenderam-se e abandonaram o local. Com uma rapidez que nunca vemos na administração pública, quatro dias depois estava tudo arrasado, incluindo muitos dos seus bens. Esta política de tratar os ciganos como se não fossem gente e de os empurrar de concelho em concelho à espera que os problemas – apenas porque passam a estar em território vizinho – se resolvem por si só não conseguirá mais do que a criação de guetos ainda mais impenetráveis. Em Portugal, onde muito racismo é disfarçado pelo politicamente correcto, os ciganos escapam a todas as protecções. Ninguém finge que os preferia ver longe daqui. Nem o Estado.