Matosinhos abre praça em bloco de habitação problemático no Bairro da Biquinha

Edifício foi cortado a meio, para abrir espaço público. De um lado os moradores convivem bem, do outro, o ambiente é de conflitualidade e muitos pedem para sair.

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Localizado na Rua Raúl Brandão, o edifício em causa era composto por uma série de cinco pares de blocos com apartamentos T2 e T3, com um corredor interior central e quatro acessos verticais entre as referidas construções. Agora, o terço central desse edificado – com 16 fogos – desapareceu, dando assim lugar a dois grandes blocos, separados por uma pequena praça. Para além do espaço, os habitantes ganharam luz e uma abertura ampla para o resto do bairro. Mas os problemas sociais, esses permanecessem.

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Localizado na Rua Raúl Brandão, o edifício em causa era composto por uma série de cinco pares de blocos com apartamentos T2 e T3, com um corredor interior central e quatro acessos verticais entre as referidas construções. Agora, o terço central desse edificado – com 16 fogos – desapareceu, dando assim lugar a dois grandes blocos, separados por uma pequena praça. Para além do espaço, os habitantes ganharam luz e uma abertura ampla para o resto do bairro. Mas os problemas sociais, esses permanecessem.

“Este é um primeiro passo para tentarmos resolver os problemas”, explicou o presidente da Câmara de Matosinhos. Guilherme Pinto admite que de um lado estão moradores que se dão bem e do outro ficaram “pessoas que têm graves problemas de convivência entre si”. Mas a questão, argumenta, é que esta situação ficou reduzida a “um terço”. “Antigamente, todo este corredor era um inferno. Havia quem tivesse medo de passar por aqui”, recordou, falando no meio dessa praça, uma parte dos 500 mil euros de investimento, que daqui a um mês deve estar concluída.

Enquanto Guilherme Pinto falava, “extremamente satisfeito”, aos jornalistas, pessoas observavam, das varandas de um e do outro bloco. Separadas por 40 metros, a diferença de relacionamento era evidente. De um lado reinava a calma, e a satisfação pela abertura do espaço público, do outro lado vizinhos discutiam entre si porque, por exemplo, alguém tinha cortado as cordas de secar a roupa de uma das famílias.

Para além da praça, a demolição dos módulos centrais permitiu acrescentar mais uma divisão aos apartamentos situados nos extremos deste novo espaço. Foram efectuados trabalhos de impermeabilização dos telhados e de requalificação do interior dos restantes fogos do Conjunto Habitacional da Biquinha. Mas isso não chega para famílias de cinco elementos a viverem num T2, que tentaram, sem sucesso, que Guilherme Pinto lhes garantisse uma mudança de casa.

“Vocês não fazem nada, não fazem nada”, atirava um morador, revoltado com o facto de haver famílias mais pequenas alegadamente a viverem, à larga, em apartamentos maiores, quando outros se vêm obrigados a dormir na sala. “Há muita gente que quer sair daqui”, explicou o autarca independente, queixando-se também da desorganização social, patente em “obras ilegais”, que foi sendo permitida ao longo dos anos.  

O bairro precisa de reabilitação, mas Guilherme Pinto admitiu que esta tem de ser feita a expensas próprias do município, depois de o Instituto para a Habitação e a Reabilitação Urbana ter “rasgado” um programa  de intervenção “ambicioso” contratado entre as duas partes. Matosinhos gere 4400 fogos, onde vivem cerca de 15 mil pessoas, e a autarquia garante ainda um mais apoio ao arrendamento a 900 famílias, cerca de 2700 pessoas, que a crise colocou em dificuldades financeiras. São quase 20 mil pessoas a depender do município, assinalou o presidente da Câmara antes de prosseguir a sua visita ao espaço, agora pelo bloco onde, em vez de queixas, foi recebendo cumprimentos.