O que gostaria de sussurrar a Van Gogh?

Pode soar estranho, literalmente. Uma réplica da orelha de Van Gogh foi criada com células de um familiar do pintor e está exposta na Alemanha.

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A réplica da orelha com células vivas THOMAS KIENZLE/AFP

Para esta orelha, em exposição até dia 6 de Julho, usaram-se células vivas da cartilagem de Lieuwe van Gogh, tetraneto de Theo van Gogh, irmão do pintor holandês. A intenção de Dietmut Strebe era a de utilizar material genético do próprio Vincent van Gogh, obtido de um envelope que o pintor teria lambido em 1883.

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Para esta orelha, em exposição até dia 6 de Julho, usaram-se células vivas da cartilagem de Lieuwe van Gogh, tetraneto de Theo van Gogh, irmão do pintor holandês. A intenção de Dietmut Strebe era a de utilizar material genético do próprio Vincent van Gogh, obtido de um envelope que o pintor teria lambido em 1883.

Inicialmente, pretendia-se incorporar esse ADN do pintor em células vivas de Lieuwe van Gogh e construir a orelha. Tudo parecia em andamento, mas os testes genéticos ao ADN que ficou no envelope revelaram que, afinal, quem lambeu o envelope foi outra pessoa. Assim, a solução encontrada passou apenas pelas células de Lieuwe van Gogh.

Cientistas no Brigham and Woman’s Hospital, em Boston (EUA), cultivaram-nas em laboratório, para se obter uma quantidade suficiente que permitisse construir uma orelha em tamanho real. Depois, as células receberam a forma da orelha cortada de Van Gogh, com o recurso a uma impressora 3D.Para os que se interrogam de que forma as células da orelha estão a ser mantidas vivas, eis a resposta: com nutrientes colocados numa solução.

E se alguém sussurrar a esta orelha de Van Gogh, por um microfone, ela até “ouvirá” o que lhe disserem, através da simulação dos impulsos nervosos originados por esses sons. Resultado desta simulação em tempo real para os visitantes: uns estalidos.

Texto editado por Teresa Firmino