Manifestantes adoptam saudação do filme Jogos da Fome na Tailândia

Três dedos erguidos contra a Junta Militar que lançou um golpe de Estado em Maio último.

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Na capital tailandesa, os braços erguidos e o gesto dos três dedos são cada vez mais frequentes nos protestos contra a Junta Militar e já levaram a detenções, pelo menos sete, no último fim-de-semana, como indicou o Conselho Nacional para a Paz e Ordem, citado pela Reuters.

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Na capital tailandesa, os braços erguidos e o gesto dos três dedos são cada vez mais frequentes nos protestos contra a Junta Militar e já levaram a detenções, pelo menos sete, no último fim-de-semana, como indicou o Conselho Nacional para a Paz e Ordem, citado pela Reuters.

À agência, Winthai Suvaree, porta-voz da Junta Militar, confirmou que se está a vigiar os que fazem o sinal mas que não existem ainda planos para que este seja banido. “Mas se existirem ajuntamentos de cinco ou mais pessoas a fazer a saudação, então vamos realizar detenções em alguns casos”, admitiu a mesma fonte. Esta tem sido a política militar sempre que há indícios de uma manifestação. Além das detenções, a Junta Militar tem encerrado rádios e estações de televisão consideradas afectas ao governo e bloqueado o acesso a centenas de sites, incluindo o Google e o Facebook.

Alguns manifestantes afirmam que o gesto é inspirado no slogan francês “liberdade, igualdade e fraternidade”, enquanto outros dizem que representa a liberdade, eleições e democracia. Há ainda quem revele que se trata da saudação silenciosa do filme e dos livros de Suzanne Collins Jogos de Fome (primeiro lançado em 2008).

Na Tailândia foi registado pela primeira vez no último domingo, quando perto de 6000 soldados foram mobilizados para impedir manifestações nas ruas. “Sabemos que vem do filme e que representa a resistência contra as autoridades”, afirmou o coronel Weerachon Sukhondhapatipak, que falou em nome da Junta Militar, à agência AP.   

O activista e membro do movimento de protesto Red Shirt Sombat Boonngam-anong, que tem ajudado na organização de manifestações, explicou na sua página no Facebook que levantar os três dedos tornou-se um “símbolo para apelar aos direitos fundamentais políticos”. Apelou depois a que se faça o gesto três vezes por dia em locais públicos sem a presença da polícia ou de militares, indica o The Guardian. “Vamos aumentar o movimento antigolpe três vezes por dia juntos”, pediu.
 
A crise política instalou-se na Tailândia — mais uma vez — no final do ano passado, com a oposição a exigir a demissão do Governo de Yingluck Shinawatra e os partidários desta a defendê-la. As manifestações nas ruas degeneraram em violência e 28 pessoas morreram, além de centenas terem ficado feridas. Apesar das detenções, a imprensa internacional citava um dos líderes do partido Pheu Thai de Yingluck (que foi deposta pelo Tribunal Constitucional no início de Maio), Charupong Ruangsuwan, que garantiu que ela “não se renderá” aos militares.