Quercus diz que qualidade do ar no centro de Lisboa melhorou em 2013

Número de excedências ao valor limite diário de partículas inaláveis diminuiu entre o Marquês de Pombal e o Terreiro do Paço, o que não acontecia desde 2001.

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Alterações ao trânsito na Avenida da Liberdade e no Marquês de Pombal podem explicar melhoria Carlos Lopes/Arquivo

“O que podemos dizer, dos dados que já dispomos, é que em 2013 tivemos um menor número de excedências ao valor limite diário da qualidade do ar” entre o Marquês de Pombal e o Terreiro do Paço, o que não acontecia desde 2001, disse na terça-feira à Lusa Francisco Ferreira, da Associação Nacional de Conservação da Natureza (Quercus).

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“O que podemos dizer, dos dados que já dispomos, é que em 2013 tivemos um menor número de excedências ao valor limite diário da qualidade do ar” entre o Marquês de Pombal e o Terreiro do Paço, o que não acontecia desde 2001, disse na terça-feira à Lusa Francisco Ferreira, da Associação Nacional de Conservação da Natureza (Quercus).

O ambientalista falava à margem da sessão “Organização e financiamento do serviço de transportes colectivos em áreas metropolitanas”, promovida pela Assembleia Municipal de Lisboa (AML) e subjacente à temática “Os transportes em Lisboa: o que temos e o que queremos”.

“Em 2005 tínhamos 180 dias em ultrapassagem do valor das partículas inaláveis, e em 2013, apesar de os dados ainda serem provisórios, estamos com 38 dias, muito pouco acima do limite [que é 35]”, acrescentou o coordenador da Quercus na área da energia e das alterações climáticas, referindo que existem “menores emissões e melhor qualidade do ar” naquela zona.

Segundo o também professor da Faculdade de Ciências e Tecnologias da Universidade Nova de Lisboa, que esteve à frente de um estudo daquela instituição para a autarquia sobre a mesma temática, “a redução de emissões foi de 6% no dióxido de azoto e na ordem dos 16% no caso das partículas”.

Contudo, não é possível saber se esta evolução positiva se deve às alterações do ordenamento de tráfego na zona do Marquês de Pombal e Avenida da Liberdade ou se está relacionada com a exigência das Zonas de Emissão Reduzida (ZER), que proíbem a circulação de veículos anteriores a 1996 naquela zona, até à Baixa pombalina.

Francisco Ferreira alertou para o facto de as pessoas que vivem no centro da cidade terem uma esperança de vida reduzida, devido ao tráfego individual: “Vão ao hospital mais vezes e têm mais problemas respiratórios que o resto” da população.

“Com estes dados mais recentes, a situação é capaz de ser melhor, mas estávamos com menos seis meses de esperança de vida”, acrescentou.

Para o ambientalista, ainda existem alterações a fazer, nomeadamente no caso dos táxis que, “apesar de representarem apenas 18% do tráfego, constituem 32% da poluição”, visto que não têm de respeitar as ZER, como os restantes veículos.

Outra alteração prende-se com a optimização dos serviços de transportes públicos, no caso das viagens ocasionais, que actualmente têm um “custo muito elevado” e também na interligação entre meios de transportes, quanto a horários e interfaces.

Francisco Ferreira defendeu ainda a penalização do transporte rodoviário individual, por exemplo “através do estacionamento e da fiscalização”.

Contudo, rejeitou a possível introdução de portagens urbanas à entrada da cidade, visto que se trata de um “sistema muito caro”. Em vez disso, sugeriu que parte das receitas das actuais portagens reverta em prol dos transportes públicos.