Três em quatro

Benfica faz o pleno das provas nacionais com um triunfo sobre o Rio Ave por 1-0 na final da Taça de Portugal. Jorge Jesus conquistou o troféu pela primeira vez à terceira tentativa.

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Há um ano, o Benfica saíra do Jamor destruído, com uma derrota a culminar uma época de zero conquistas e a dar uma imagem de divisão (os incidentes entre Jorge Jesus e Cardozo). Este ano as circunstâncias eram diferentes. Não era um tudo ou nada para o Benfica. Apenas a derrota na final europeia tinha paralelo no ano anterior. Turim tinha sido uma experiência traumática que o Benfica teria de ultrapassar e disso se poderia aproveitar o Rio Ave, em busca da sua primeira Taça, com mais tempo para descansar e para preparar o embate e com pouco desejo de ser figurante numa moldura quase totalmente vermelha nas bancadas do Jamor, muito menos de repetir a derrota na semana anterior em Leiria, na Taça da Liga.

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Há um ano, o Benfica saíra do Jamor destruído, com uma derrota a culminar uma época de zero conquistas e a dar uma imagem de divisão (os incidentes entre Jorge Jesus e Cardozo). Este ano as circunstâncias eram diferentes. Não era um tudo ou nada para o Benfica. Apenas a derrota na final europeia tinha paralelo no ano anterior. Turim tinha sido uma experiência traumática que o Benfica teria de ultrapassar e disso se poderia aproveitar o Rio Ave, em busca da sua primeira Taça, com mais tempo para descansar e para preparar o embate e com pouco desejo de ser figurante numa moldura quase totalmente vermelha nas bancadas do Jamor, muito menos de repetir a derrota na semana anterior em Leiria, na Taça da Liga.

A estratégia dos técnicos foi visível desde o primeiro minuto. O Benfica, desgastado com os 120 minutos de Sevilha mas reforçado com os regressos de Enzo, Salvio (ambos titulares) e Markovic (começou no banco), teria de apostar tudo no início antes que as pernas começassem a falhar. Pelo contrário, Nuno Espírito Santo tinha preparado o Rio Ave para aguentar o mais possível e, depois, tentar tudo no segundo tempo quando o discernimento “encarnado” fosse menor. Foi o que aconteceu. Domínio benfiquista, contenção vila-condense e nada aconteceu durante os primeiros 20’.

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Os homens de Jorge Jesus tinham o domínio territorial, mas poucas vezes chegavam à baliza de Ederson. O Rio Ave não era perigoso, apenas bem organizado. Só um grande momento de um jogador habituado a golos espectaculares poderia furar o impasse. Entra em cena Gaitán, um canhoto que, de fora da área, disparou com o pé direito e enviou a bola para o fundo da baliza. Foi a expressão natural de um domínio quase total por parte do Benfica, mas, nem assim, o Rio Ave se libertou da sua estratégia. E o Benfica podia ter ficado mais tranquilo pouco depois, com um cabeceamento de Garay após cruzamento de Gaitán que Ederson segurou.

Não apareceu a tranquilidade para amenizar o cansaço acumulado e, na segunda parte, os papéis inverteram-se. O Rio Ave apareceu dominador e o Benfica ficou na retranca. A bola foi-se aproximando de Oblak, que até então tinha sido um espectador. Tarantini deixou um primeiro aviso com um remate que passou ao lado. Aos 56’, Ruben Amorim sai lesionado e obrigou Jesus a mexer no meio-campo, com a entrada de André Gomes. As forças estavam a faltar e começava a haver uma sensação de história que se repete.

Entre os 60’ e os 70’, o Rio Ave, já a justificar, pelo menos o empate, teve três claras situações para virar esta final a seu favor. Aos 63’, Pedro Santos acertou no poste, após excelente passe de Braga, aos 67’ foi Braga a disparar de fora da área para uma excelente parada de Oblak e, no canto que se seguiu, Marcelo cabeceou ao lado. Foram dez minutos de sufoco benfiquista. “Já nem conseguíamos respirar”, disse, depois Jorge Jesus. Com Markovic em campo, o Benfica equilibrou o jogo e o sérvio esteve bem perto de fazer o 2-0 aos 75’, com Ederson de novo a brilhar na baliza.

Os minutos iam passando e Jesus, como sempre, não conseguia estar parado um segundo. Quando Carlos Xistra apitou para o final, o técnico benfiquista entrou no terreno de jogo, com as mãos na cabeça, antes de explodir em festejos, a interiorizar a conquista da sua primeira Taça de Portugal à terceira tentativa, enquanto os jogadores do Rio Ave ficavam a olhar para o vazio a pensar na segunda final perdida. Faltou a este Benfica a glória europeia, mas ficou o pleno das provas nacionais. E a Taça, que voltou a conquistar dez anos depois, foi um trauma que não se repetiu.

Ficha de Jogo

Jogo no Estádio Nacional, no Jamor.

Assistência 37.150 espectadores

Benfica Oblak, Maxi Pereira, Luisão, Garay, André Almeida, Rúben Amorim (André Gomes, 56’), Salvio, Enzo Pérez, Gaitán (Cardozo, 87’), Rodrigo (Lazar Markovic, 66’) e Lima. Treinador Jorge Jesus.

Rio Ave Ederson, Lionn, Marcelo, Rodríguez, Edimar, Pedro Santos (Hassan, 80’), Tarantini, Filipe Augusto, Ukra, Rúben Ribeiro (Diego Lopes, 67’) e Braga (André Vilas Boas, 89’). Treinador Nuno Espírito Santo.

Golos Gaitán 20’

Árbitro Carlos Xistra (Castelo Branco)

Cartões amarelos Pedro Santos (30'); Rúben Ribeiro (45'); Lima (54'); Braga (56'); Rodríguez amarelo após o jogo; Lionn duplo amarelo após o jogo.

Cartões vermelhos Lionn após o jogo.