Glaciares da plataforma da Antárctida Ocidental estão a desfazer-se de forma imparável

Uma série de grandes glaciares austrais irão desaparecer na água nos próximos séculos, fazendo subir o nível do mar muito mais do que se pensava.

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O glaciar Thwaites poderá desaparecer dentro de apenas 200 anos Universidade de Washington

Num dos estudos, publicado na revista Geophysical Research Letters por Eric Rignot, da Universidade da Califórnia e da agência espacial norte-americana NASA, os autores analizaram 40 anos de observações de seis glaciares maciços naquela região da Antárctida. E segundo Rignot, citado em comunicado da sua universidade, esses glaciares “encontram-se para além do ponto de não regresso”. Ora, acrescentam estes autores, eles contêm água suficiente para elevar 1,2 metros o nível do mar. E como estão a derreter mais depressa do que a maioria dos especialistas pensava, Rignot acredita que as previsões actuais de subida do mar devida às alterações climáticas terão agora de ser revistas em alta.

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Num dos estudos, publicado na revista Geophysical Research Letters por Eric Rignot, da Universidade da Califórnia e da agência espacial norte-americana NASA, os autores analizaram 40 anos de observações de seis glaciares maciços naquela região da Antárctida. E segundo Rignot, citado em comunicado da sua universidade, esses glaciares “encontram-se para além do ponto de não regresso”. Ora, acrescentam estes autores, eles contêm água suficiente para elevar 1,2 metros o nível do mar. E como estão a derreter mais depressa do que a maioria dos especialistas pensava, Rignot acredita que as previsões actuais de subida do mar devida às alterações climáticas terão agora de ser revistas em alta.

Estes cientistas têm estudado vários aspectos do fenómeno. E em particular, há cerca de um mês, publicaram um estudo que mostrava que, entre 1973 e 2013, a quantidade de gelo dos glaciares a ser drenada para o mar aumentou 77%, tornando o gelo mais fino e leve.

Agora, quiseram saber o que se passava exactamente debaixo do gelo – e mais precisamente, conhecer a evolução da linha a partir da qual esses glaciares assentam na terra. Para isso, recorreram a observações feitas a partir do espaço, por radares a bordo de satélites.

A orla dos glaciares avança e flutua no mar, mas a maior parte da sua base assenta na terra firme devido ao seu peso. Ora, o que estes autores descobriram é que os glaciares em causa passaram a flutuar por cima do seu suporte terrestre em sítios onde antes estavam solidamente ancorados. Isso significa que a chamada “linha de assentamento” destes glaciares está a recuar cada vez mais para o interior da costa, o que, por sua vez os, torna cada vez mais vulneráveis ao degelo.

O outro estudo, da autoria de Ian Joughin, da Universidade de Washington (EUA), e colegas – e que vai ser publicado na próxima edição da revista Science –, prevê pelo seu lado que um desses glaciares em particular, o glaciar de Thwaites, deverá desaparecer daqui a 200 anos, fazendo subir o nível do mar em mais de 60 centímetros. E que, embora o total desaparecimento da plataforma de gelo em que este glaciar se integra possa ainda demorar até um milénio, os seus resultados (baseados em mapas topográficos detalhados e modelos computadorizados), indicam, também segundo estes autores, que o seu colapso poderá ser inevitável.