Ordem dos Médicos abre inquérito a prescrição desnecessária de antibióticos

Decisão após estudo da Deco revelar que alguns médicos prescrevem este tipo de medicamentos sem necessidade.

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João Guilherme

Colaboradores da Deco visitaram 120 estabelecimentos ao acaso na Grande Lisboa e no Grande Porto, queixando-se de uma mera dor de garganta, sem outros sintomas, como febre, por exemplo. Em 50 consultas, 20 médicos receitaram um antibiótico. Segundo a revista Deco Proteste, nos restantes 30, os alegados doentes perguntaram, sem insistir, se não seria melhor tomar um daqueles fármacos. Um recebeu a prescrição com indicação de que só deveria usá-lo se piorasse.

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Colaboradores da Deco visitaram 120 estabelecimentos ao acaso na Grande Lisboa e no Grande Porto, queixando-se de uma mera dor de garganta, sem outros sintomas, como febre, por exemplo. Em 50 consultas, 20 médicos receitaram um antibiótico. Segundo a revista Deco Proteste, nos restantes 30, os alegados doentes perguntaram, sem insistir, se não seria melhor tomar um daqueles fármacos. Um recebeu a prescrição com indicação de que só deveria usá-lo se piorasse.

Além dos médicos, também as farmácias foram alvo de análise. Aqui, dos 70 estabelecimentos visitados e nos quais foi pedido um antibiótico sem receita médica, apenas uma farmácia o fez.

O bastonário da Ordem dos Médicos, José Manuel Silva, em declarações à TSF, na noite de sexta-feira, afirmou que “não se pode ignorar o facto e é preciso perceber os detalhes em que ocorreu esta simulação da dor de garganta”. Para isso, vai ser aberto um inquérito.

José Manuel Silva falou na possibilidade de os médicos que prescreveram os antibióticos terem “sido induzidos em erro” mas acrescenta que “um exame objectivo da garganta, aparentemente, permitiria detectar com facilidade a não indicação para a prescrição”.

Se se verificar que “houve uma prescrição contra as leges artis naturalmente que poderá haver uma penalização, seja uma repreensão ou uma censura”, admitiu o bastonário.