Pintura de Claude Monet vendida por 19,5 milhões de euros

Um óleo do pintor impressionista foi a estrela de um leilão da Christie’s que incluiu 13 obras de Picasso e rendeu mais de 205 milhões de euros.

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Leilão da Christie's em Nova Iorque

Desde Maio de 2010 que nenhum leilão da Christie atingia verbas tão altas como o desta terça-feira: um conjunto de 54 obras de arte impressionista e moderna rendeu quase 206 milhões de euros. A tela de Monet foi a estrela da noite, mas um retrato de Pablo Picasso da sua amante Dora Maar alcançou mais de 16 milhões de euros. Com treze telas em licitação (só uma ficou por vender), Picasso era o pintor mais representado no leilão, e uma outra obra sua, Mulher Nua Com Colar, chegou aos oito milhões de euros.

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Desde Maio de 2010 que nenhum leilão da Christie atingia verbas tão altas como o desta terça-feira: um conjunto de 54 obras de arte impressionista e moderna rendeu quase 206 milhões de euros. A tela de Monet foi a estrela da noite, mas um retrato de Pablo Picasso da sua amante Dora Maar alcançou mais de 16 milhões de euros. Com treze telas em licitação (só uma ficou por vender), Picasso era o pintor mais representado no leilão, e uma outra obra sua, Mulher Nua Com Colar, chegou aos oito milhões de euros.

O lote de peças que ultrapassaram os dez milhões de euros inclui ainda um célebre quadro de Amadeo Modigliani, Jeune Homme Roux Assis (12,7 milhões de euros), e Strandszene (cena de praia) de Wassily Kandinsky (12,4 milhões). Uma tela de Joan Miró, que dá pelo extenso título de Le serpent à coquelicots traînant sur un champ de violettes peuplé par des lézards en deiul, andou perto, tendo sido arrematada por quase nove milhões de euros.

Uma parte significativa das peças veio da colecção do recém-falecido industrial e filantropo americano-canadiano Edgar Miles Bronfman (1929-2013), membro de uma abastada família de judeus canadianos que fez  fortuna no negócio das bebidas alcoólicas, através da empresa familiar Seagram.

Mas alguns dos lotes mais valiosos, incluindo o retrato de Dora Maar de Picasso e a Strandszene de Kandinsky, pertenciam à colecção da Fundação Langen, de Marianne Langen e do seu marido Viktor Meerbush, que decidiram leiloar uma dezena de obras na Christie’s. E os Nenúfares de Monet pertenciam à colecção da família Clark, cuja última descendente, Huguette Marcelle Clark, morreu em 2011 aos 104 anos. O quadro foi comprado pelo pai de Huguette, o senador William A. Clark, em Maio de 1930, e manteve-se desde então nas mãos da família, sendo por isso uma das obras menos conhecidas do extenso ciclo que Monet dedicou aos nenúfares.


Uma milionária discreta

De origens humildes, William A. Clark, o fundador da dinastia Clark, nasceu em 1839 e tornou-se um dos homens mais ricos dos Estados Unidos. Começou a fazer fortuna com minas de cobre e rapidamente expandiu os seus negócios para os mais variados sectores, do caminho-de-ferro à banca e do açúcar à imprensa. No final da vida meteu-se na política e foi senador pelo estado do Montana. Huguette Marcelle é filha da sua segunda mulher, a harpista Anna Eugenia La Chapelle, que herdou a colecção de arte do marido quando este morreu, em 1925. Uma parte substancial desse espólio foi doada à Corcoran Gallery of Art, em Washington.

Huguette herdou o gosto dos pais pela arte e foi, ela própria, música e pintora. Após a morte da mãe, em 1963, viveu discretamente em Nova Iorque, aumentando a colecção familiar com algumas novas aquisições. Morreu em Maio de 2011, com 104 anos e sem descendentes directos. Deixou uma fortuna de mais de 300 milhões de dólares, que foi maioritariamente destinada a instituições de caridade, de acordo com as suas últimas vontades, e após vários processos judiciais intentados por parentes afastados.

O realizador e argumentista Ryan Murphy anunciou recentemente que irá dirigir um filme sobre a vida de Huguette Clark, baseado na obra do jornalista de investigação Bill Dedman, co-autor, com um primo de Huguette, Paul Clark Newell Jr., do livro Empty Mansions: The Mysterious Life of Huguette Clark and the Spending of a Great American Fortune, cujo título alude às várias mansões da família Clark que Huguette conservou vazias durante décadas. A casa de Nova Iorque, onde cresceu, tinha 121 quartos.