Lucros da Parpública disparam com privatizações

Ao longo do ano, entregou 1459,4 milhões de euros ao Estado, colhidos com a venda de empresas.

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Venda da ANA foi a que representou a maior fatia de mais-valias dos negócios feitos em 2013 Enric Vives-Rubio

No relatório e contas de 2013, divulgado ao final da noite de quarta-feira, a Parpública refere que este resultado significa um crescimento face aos 463 milhões registados um ano antes. A holding explica que, ao longo do ano, entregou 1459,4 milhões de euros ao Estado, colhidos com a venda de empresas, depois de pagar 1200 milhões ao accionista para ficar com 100% dos CTT, da ANA e ainda de outras empresas de menor dimensão.

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No relatório e contas de 2013, divulgado ao final da noite de quarta-feira, a Parpública refere que este resultado significa um crescimento face aos 463 milhões registados um ano antes. A holding explica que, ao longo do ano, entregou 1459,4 milhões de euros ao Estado, colhidos com a venda de empresas, depois de pagar 1200 milhões ao accionista para ficar com 100% dos CTT, da ANA e ainda de outras empresas de menor dimensão.

A Parpública refere, mais à frente, que foi com a venda da ANA, hoje detida quase a 100% pelo grupo privado francês Vinci, que obteve mais-valias mais elevadas. Já no caso dos CTT, escreve que o preço pago ao Tesouro para absorver 100% dos correios antes da dispersão de 70% do capital em bolsa foi semelhante ao valor do encaixe com a operação. Em 2013, a holding vendeu ainda 4,144% que detinha na EDP.

No documento, destaca-se ainda como factor decisivo para a melhoria dos lucros a valorização dos swaps subscritos pela Parpública para cobrir o risco de variação das taxas de juro. A evolução positiva destes derivados, cuja perda potencial é inscrita nos resultados financeiros das empresas, foi de quase 60 milhões de euros, passando o risco de prejuízo de 150,6 para 92,5 milhões, entre 2012 e 2013.

Apesar do aumento dos lucros da Parpública, houve actividades do universo da holding que geraram perdas no ano passado, como é o caso da subsidiária que a TAP detém no Brasil, que gerou prejuízos de 41 milhões de euros, superiores aos 34 milhões registados pelo negócio de aviação do grupo liderado por Fernando Pinto. No relatório, escreve-se que pode ainda "haver condições para que o governo decida relançar o processo de privatização ainda no decorrer do presente ano", depois de a primeira tentativa ter fracasso no final de 2012 com a rejeicao da oferta de German Efromovich.

Também no negócio imobiliário houve um desempenho negativo. Esta actividade foi, como a Parpública explica, penalizada pela retracção no mercado, com reflexos directos na venda de imóveis, que gerou receitas de apenas 40 milhões de euros. A holding, que tem ajudado o Estado a desfazer-se de património público, avisa que não há planos para dar continuidade a esta estratégia. "Não se prevê a aquisição de imóveis ao Estado ou a outros entes públicos", refere no documento.

A Parpública faz ainda referência à futura inclusão no perímetro das contas públicas, que acontecerá a partir de Setembro, com a entrada do novo método de contabilização europeu, o SEC 2010. Esta reclassificação fará com que passe a contar para a dívida e para o défice.

No que diz respeito ao passivo financeiro, a holding refere que houve uma redução de 559 milhões em 2013, embora aquele ainda seja muito elevado: 4279 milhões. A diminuição aconteceu graças à amortização de empréstimos e a um travão ao investimento, fruto dos limites impostos às empresas públicas em termos de dívida remunerada.