Descoberto processo celular fundamental que poderá estar associado a doenças humanas

Cientistas portugueses e do Reino Unido elucidaram, na levedura do padeiro, o papel de uma família de proteínas – um resultado que pode ter implicações na luta contra a doença de Parkinson e o cancro.

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No filme Despertares, Robert de Niro interpreta o papel de um doente com Parkinson DR

Os cientistas analisaram, mais precisamente, uma família de proteínas da levedura que são “primas” de uma proteína humana, designada DJ-1, explica a Universidade de Leicester em comunicado. Sabe-se que as mutações na proteína DJ-1 provocam no ser humano formas hereditárias e precoces da doença de Parkinson – e que alterações dessa proteína também estão associadas a formas mais comuns desta doença neurodegenerativa sem cura e a certas formas de cancro. Mas o que ainda não é claro é como a proteína DJ-1 consegue, quando não funciona devidamente, dar origem a estas doenças devastadoras.

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Os cientistas analisaram, mais precisamente, uma família de proteínas da levedura que são “primas” de uma proteína humana, designada DJ-1, explica a Universidade de Leicester em comunicado. Sabe-se que as mutações na proteína DJ-1 provocam no ser humano formas hereditárias e precoces da doença de Parkinson – e que alterações dessa proteína também estão associadas a formas mais comuns desta doença neurodegenerativa sem cura e a certas formas de cancro. Mas o que ainda não é claro é como a proteína DJ-1 consegue, quando não funciona devidamente, dar origem a estas doenças devastadoras.

“A nossa ideia foi que, ao estudarmos as 'primas' da proteína humana [DJ-1] na levedura, poderíamos descobrir coisas importantes sobre o seu funcionamento, e daí por que é que causam doenças”, diz Tiago Outeiro, citado no mesmo comunicado.

O que os cientistas descobriram foi que aquela família de proteínas da levedura é importante para a manutenção do tempo de vida normal da célula de levedura. E também que essas proteínas estão envolvidas na regulação da autofagia, o processo que a célula utiliza para degradar e reciclar os seus componentes quando se encontram danificados.

Ora, tanto o mecanismo de autofagia como a longevidade celular são processos centrais no contexto da doença de Parkinson e do cancro, lê-se ainda no comunicado. Por isso, os cientistas pensam que os seus resultados poderão permitir perceber melhor os mecanismos que contribuem para essas doenças humanas.

“O nosso trabalho é importante, porque sugere que a proteína DJ-1 humana poderá ter um funcionamento semelhante ao das versões dessa proteína na levedura”, salienta a autora principal do trabalho, Leonor Miller-Fleming, do IMM, citada no mesmo comunicado.

Os cientistas querem, em seguida, analisar os pormenores do processo de regulação da autofagia pelas proteínas da família da DJ-1 e ver se o mesmo se aplica aos neurónios humanos – em particular aos que fabricam um “mensageiro químico” cerebral, a dopamina, e que são os mais afectados na doença de Parkinson.

“Pensamos que são necessários estudos semelhantes da proteína humana nos neurónios, de forma a clarificar a sua função”, frisa Leonor Miller-Fleming. Para, talvez um dia, “descobrir novas estratégias terapêuticas da doença de Parkinson, do cancro e de outras doenças relacionadas”.