Galp abranda investimento na actividade de exploração

A petrolífera quer concentrar-se nas actividades de produção comercial nos projectos já em curso e em fase de pré-aprovação no Brasil e Moçambique, para os quais canalizará quase 90% do investimento até 2018.

Foto
Aumento do resultado operacional da Galp será sustentado em grande parte pelos projectos na bacia de Santos, no Brasil REUTERS/Bruno Domingos

É com “o abrandamento das actividades de exploração” que a empresa pretende garantir a disciplina financeira necessária para manter um nível de dívida líquida correspondente a duas vezes o EBITDA (ganhos antes de juros, impostos, depreciações a amortizações) e gerar free cash flow positivo ao longo de 2017 (a partir deste ano é esperado que o rácio dívida líquida/EBITDA “desça rapidamente”). Entre outros, a Galp tem projectos de exploração em curso na bacia do Potiguar (Brasil), na Namíbia e Uruguai, e conta perfurar este ano sete a nove poços de exploração e avaliação, nomeadamente em Marrocos. A prioridade irá para projectos de exploração que estejam numa fase mais embrionária (de estudos geológicos e sísmicos) e que consumam menos capital, explicou Ferreira de Oliveira.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

É com “o abrandamento das actividades de exploração” que a empresa pretende garantir a disciplina financeira necessária para manter um nível de dívida líquida correspondente a duas vezes o EBITDA (ganhos antes de juros, impostos, depreciações a amortizações) e gerar free cash flow positivo ao longo de 2017 (a partir deste ano é esperado que o rácio dívida líquida/EBITDA “desça rapidamente”). Entre outros, a Galp tem projectos de exploração em curso na bacia do Potiguar (Brasil), na Namíbia e Uruguai, e conta perfurar este ano sete a nove poços de exploração e avaliação, nomeadamente em Marrocos. A prioridade irá para projectos de exploração que estejam numa fase mais embrionária (de estudos geológicos e sísmicos) e que consumam menos capital, explicou Ferreira de Oliveira.

A lógica de racionalização aplica-se a Portugal, onde o gestor admitiu que, caso a Galp não encontre um parceiro (ou parceiros) que substituam a Petrobras na operação ao largo da costa alentejana, irá “deixar cair a concessão”. A data limite de perfuração é 2015, “mas o risco é demasiado grande” e a “probabilidade de sucesso muito baixa”, para um investimento na ordem dos “100 milhões de dólares”, referiu Ferreira de Oliveira.

Nos próximos anos, o crescimento irá continuar a fazer-se no espaço da lusofonia. A Galp antecipa uma taxa anual média de crescimento do resultado operacional bruto de 25% entre o período de 2013 e 2018 (devendo situar-se entre 1100 e 1300 milhões em 2014) e irá buscá-lo essencialmente aos projectos que já tem em produção na bacia de Santos (Lula e Iracema) e aos que entrarão brevemente em produção (Iara em 2017, Carcará em 2018 e Júpiter em 2019). A partir de 2019, data que em que está prevista a primeira produção de gás na bacia de Rovuma, no norte de Moçambique, África reforçará o seu contributo para os resultados da companhia. Da equação faz ainda parte Angola, onde a empresa conta ter brevemente em produção quatro novos campos, entre 2015 e 2020, para “compensar o declínio dos campos actualmente em produção”.

No horizonte surgem ainda os projectos na bacia do Potiguar. No ano passado, quando anunciou a descoberta feita no campo de Pitú, Ferreira de Oliveira garantiu estar aberta “uma nova fronteira geológica para o Brasil”. Esta terça-feira o gestor escusou-se a quantificar a dimensão da descoberta pela ausência de “dados auditados”, mas fez questão de passar a mensagem de que este activo, comos os outros brasileiros e moçambicanos, não são replicáveis por outros operadores e, por isso, são a grande vantagem competitiva da empresa, que antecipa uma taxa anual média de crescimento de produção de petróleo e gás de cerca de 40% entre 2013 e 2020.

Na refinação e distribuição, a estratégia para aumentar a geração de cash flow passa por um melhor equilíbrio entre as actividades de refinação e distribuição, do aumento da eficiência energética e da redução do capital empregue. Apesar do ambiente macroeconómico adverso que tem penalizado as margens de refinação, o presidente da Galp acredita que o mercado ibérico está a dar sinais claros de recuperação e garante que a empresa está bem posicionada para capturar o valor que virá com essa recuperação. Para o negócio do gás, o foco continuará a ser aproveitar as oportunidades de trading de GNL (operações de venda de gás natural liquefeito).

Ferreira de Oliveira, que na quarta-feira partirá em roadshow para Edimburgo, revelou que mais de um terço dos grandes investidores internacionais da empresa (muitos deles fundos de pensões) concentram-se entre Nova Iorque, Boston e Vancouver, seguindo-se o Reino Unido e Edimburgo.

A jornalista viajou a convite da Galp